O MOMENTO QUE ENTROU PARA A HISTÓRIA (E MUDOU O NOME DA CIDADE)

Todo ano, quando chegava perto dessa data, a escola que estudava anteriormente, como aliás várias por onde passei, sempre passava […]

Todo ano, quando chegava perto dessa data, a escola que estudava anteriormente, como aliás várias por onde passei, sempre passava um trabalho para os alunos pesquisarem a vida do presidente João Pessoa. Foi assim uns cinco anos, contando a única vez que a minha escola atual, o Lyceu, passou um trabalho parecido, há um ano atrás. Esse ano talvez seja raro que alguma escola tenha passado trabalho sobre João Pessoa, talvez porque ningúem lembrasse do dia esse ano, já que caiu num dia como hoje, um domingo.

Mas, quem foi o cidadão que hoje dá nome a cidade em que nasci e onde moro?

Vamos contar um resuminho sobre isso: João Pessoa era um importante político paraibano, sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa. Em 1928 assumiu a presidência da Paraíba (era o governador, mas na época esse cargo era chamado de presidente). Enfrentou turbulências políticas por conta de sua posição política de enfrentamento às oligarquias (oligarquias que um dia já fez parte).

Para quem não sabe, o Nego que aparece na bandeira da Paraíba é uma referência a negação de João Pessoa à candidatura de Júlio Prestes à presidência da República. Na Aliança Liberal, coligação de oposição, foi indicado candidato à vice-presidente na chapa que tinha como candidato a presidente Getúlio Vargas. Prestes venceu a eleição presidencial de 1929, mas ficou na Aliança Liberal a sensação de que a eleição foi fraudada.

Depois da eleição, voltando ao já turbulento plano estadual, numa dessas, ao combater uma revolta, deu ordem de invasão a várias residências de opositores que tinham liderado a revolta. Na casa de um deles, de nome João Dantas, a polícia encontrou fotos e cartas comprometedoras que foram enviadas a ele por sua amante e… Elas foram publicadas no jornal do Estado, A União.

É evidente que João Dantas não gostou, e como naquela época assuntos políticos e pessoais eram, na sua grande maioria, resolvidos na bala, ele foi até uma confeitaria em Recife e atirou em João Pessoa, que morreu instantes depois. Era 26 de julho de 1930.

A morte de João Pessoa gerou comoção nas ruas da cidade. Dois meses depois, a capital do Estado, até então chamada Parahyba do Norte (isso explica porque o jornal O Norte tem esse nome), passou a se chamar João Pessoa, como é até hoje. A bandeira do Estado, que até então era verde, branca e amarela, passou a ser preta e vermelha com o nome Nego.

Apesar de ter sido um acerto de contas típico da época, desses resolvidos na bala, os opositores da política café-com-leite não perderam a oportunidade, e responsabilizaram o governo federal pelo crime. O assassinato foi o estopim para a Revolução de 1930, que acabou com a República Velha e elevou ao poder Getúlio Vargas, que governou o Brasil por 15 anos.

Esta matéria é o resultado de anos de trabalhos de escola. Tantos trabalhos que memorizar a história (para quem tem uma boa memória) já foi suficiente para contá-la resumidamente, mas com significativa riqueza de detalhes. Ainda assim poucos paraibanos tem acesso a essa história, mesmo ela tendo acontecido há 79 anos atrás.

Em cada data comemorativa e em cada momento, continuarei a contar história. Hoje é domingo, deveria ser feriado estadual por aqui, mas pelo menos serve para entender porque cada feriado, a título de exemplo, tem a sua razão de existir.


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