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MAQUETE MONUMENTAL

A série de postagens que conta as histórias do desfile de 7 de Setembro no meu bairro, que já é […]
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A série de postagens que conta as histórias do desfile de 7 de Setembro no meu bairro, que já é um sucesso, continua agora no ano de 2005. Era o ano em que a cidade de João Pessoa completou 420 anos (esse ano completou 424). Evidentemente, as autoridades e a imprensa comemoraram muito a data. E isso era tema fértil para mais um desfile.

Depois do mico do desfile do ano anterior, aquele do barco de isopor e cartolina que se desmontou, era hora de apagar os contratempos do passado e fazer algo que entrasse para a memória. E foi trabalhoso, conforme vocês irão ler na história a seguir: a famosa história da maquete da Lagoa, que foi resumida numa postagem sobre o cartão-postal em janeiro desse ano, ainda na época em que o blog se chamava Diário do Josi. Agora, que nós estamos em plena Semana da Pátria, vou contá-la em detalhes.

A obra foi engenhosa, mas a maior recompensa foi o reconhecimento do público presente no desfile.

Numa dessas comemorações dos 420 anos de João Pessoa feita pelas televisões locais, a TV Cabo Branco (afiliada da Rede Globo em João Pessoa) perguntou a seus telespectadores por meio de uma votação qual era o cartão-postal de João Pessoa. Entre as opções da Lagoa do Parque Solon de Lucena, da Igreja de São Francisco e do Farol do Cabo Branco, os telespectadores escolheram como cartão-postal da cidade a Lagoa. E um mês depois, notei que a escola onde estudava não iria falar dos 420 anos da cidade! Aí lancei a ideia de montar uma referência ao tal cartão-postal da cidade, a Lagoa. Fui plenamente apoiado na ideia, e os diretores da escola deram toda a assistência e recursos necessários a aquela que seria a maior obra alegórica já feita por mim na história.

Maior mesmo: tinta guache de toda cor, cinco placas de isopor de todos os tamanhos, vários tubos de cola branca e de isopor, lápis, pincéis, papéis de todos os tipos e… mãos a obra. Não dava para construir tudo sozinho em uma semana, o trabalho foi todo terceirizado: toda a família ajudou na construção da maquete. Parecia um verdadeiro “Construindo um Sonho”.

Após várias olhadinhas na Lagoa de verdade para captar os detalhes que não poderiam passar despercebidos, a obra da maquete, construída em seus mínimos detalhes, durou uma semana. Foi concluída horas antes do desfile. No dia do desfile, levei a maquete cedo da manhã para a escola sem complicações como foi com o barco do dia anterior, e levei na cabeça para ninguém ver tudo, senão estragava a surpresa. Fiz um mistério digno de final de novela para a maquete. Colegas e professores queriam saber como é que estava o andamento da obra, e dizia sempre “Vai indo bem, não posso contar nada, vocês verão no dia do desfile”.

Como tinha dito, levei na cabeça e revelei o conteúdo na escola. Os professores e alunos ficaram, é claro, impressionados. Nunca tinham visto nada igual em lugar nenhum. Foi colocado na maquete tudo o que a Lagoa tem: palmeiras, fonte luminosa, banquinhos, asfalto. E ainda quatro miniaturas de veículos para aparentar tráfego na Lagoa: uma picape, uma Kombi da STTrans, um microônibus da Reunidas e um ônibus da Transnacional. Por onde passava na concentração do desfile era parado por colegas, pedestres, amarelinhos (agentes de trânsito) da STTrans, e por aí vai…

Chegou a hora do desfile, que no ano que aconteceu, em 2005, aconteceu na Dom Bosco, e não na 2 de Fevereiro como é hoje. Tive que usar uma camisa azul baby-look no desfile. Sorte que ninguém notou, a maquete cobria a camisa. Pelo menos algo para ofuscar a roupa que usava. Na época o fardamento era de duas cores: a maioria dos alunos usava uniforme branco, e só quem se destacasse muito usava o uniforme azul. E só tinha desse uniforme no modelo feminino. Cheguei a usar desse uniforme branco (unissex) mas, a direção achou que eu deveria usar o tal do uniforme azul. Sem desculpas de que só tinha baby-look, mas eu tinha de usar o uniforme azul, e pronto.

Agora sim, a hora da marcha. Por onde passava era ovacionado pelo público presente. Teve uma senhora que estava vendo o desfile com um monte de gente que puxou aplauso “vamo bater palma pra esse menino que merece!” E não é que o povo obedeceu? Aplaudiu. Os olhos do povo voltavam-se sobre mim pela primeira vez. Cheguei ao fim do desfile com a sensação de missão cumprida.

Quanto a maquete, ela ficou encostada por dois anos em cima do guarda-roupa do meu quarto até ser desmontada (com muita pena no coração) e ter o material aproveitado em uma outra maquete em 2007, para um trabalho de Geografia, já no Lyceu Paraibano.

Esse ano ajudei a minha irmã a montar uma maquete da Lagoa, pois ela é professora de reforço e me pediu para fazer o trabalho para uma aluna por conta do aniversário da cidade lembrado pela escola dela, só que esse trabalho era bem mais simples do que aquela maquete feita para o desfile.

Acho que fiz uma matéria longa demais, tão longa que tive de fazer outras duas postagens antes, já que elas tinham de ser publicadas antes, e com urgência. Mas tive o cuidado e o capricho de fazer a matéria ser algo para ficar na história do mesmo jeito que foi nesse dia.

Antes ovacionado pelo público por conta de uma maquete, hoje quase ninguém deve lembrar mais desse acontecimento. Mas para mim, foi inesquecível. Ainda falta mais uma matéria sobre o último ano em que participei de um desfile, o ano de 2006. Nesse ano a direção quase me excluiu, e só não conseguiu porque a diretora disse assim: “Sei que você vai sair esse ano, mas desfile sem você não é desfile”.

Mas isso fica para uma próxima matéria. Se gostaram dessa, garanto que vão gostar da história do último desfile de 7 de setembro do qual eu participei. Ficaram só as lembranças daqueles velhos tempos que fazem parte de um passado bem recente.


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