É até redundante voltar para dezembro de 2008 e falar de como eu tive a ideia de ter um blog. Isso é coisa para se falar no aniversário do blog. E em dezembro ainda não chegamos, se bem que de dezembro não estamos longe. Mas quem tem um site vai entender muito bem do que eu falo. Afinal, porque eu tenho um blog? A resposta está na própria natureza das redes sociais. Qual a história que eles vão resguardar? Ou melhor: que história você quer contar nelas?
Como todo mundo que inicia na Internet, você cria um e-mail, entra num aplicativo de mensagens – lá em 2008 era o MSN, hoje esse “lugarzinho” é ocupado pelo WhatsApp. E inventa de entrar numa rede social, naquela época o “top das galáxias” era o Orkut, do qual a única herança de que eu tenho é o e-mail do Google – bem como todo o patrimônio que construí nas ferramentas da empresa.
Ótimo, lá tudo é padronizado, lá você coloca o que quiser, participa do que quiser, mas tem uma coisa: o que é para sempre, sempre acaba.
Foi assim com o próprio Orkut, que acabou praticamente sem deixar tanta saudade, já que muitas pessoas migraram para o Facebook. E nessa semana você deve ter aprendido muita coisa sobre tudo o que aconteceu nas redes do Facebook, você ficou quase seis horas sem elas!
Enquanto isso, este blog continuou no ar contando a história, noticiando tudo. Quando acontece algum problema, eu tento resolver, eu entro em contato com a empresa, eu dou satisfações.
Redes sociais moldam comportamentos, mesmo que eles não sejam os seus
E bem, vocês já sabem que quem dita as regras no Facebook, aliás, não só no Facebook, mas nessas grandes redes sociais, são os algoritmos. Não são pessoas, são máquinas. Máquinas que refletem muitas vezes o que há de pior na nossa espécie humana, na nossa mentalidade.
E isso estamos vendo diante de todas as denúncias da ex-gerente de produtos, Frances Haugen, que relatou o que muita gente já sabia, mas que faltava ser dito por quem já esteve lá dentro: que os produtos da plataforma “fazem mal a crianças, alimentam a divisão social e enfraquecem a democracia”. Já pensou em como as redes sociais moldam a maneira de pensar de algumas pessoas, a ponto de elas acreditarem que, se você publica alguma coisa por lá, é verdade, pronto e acabou?
Então, é bem isso.
Nem sempre a minha cara
Vamos pegar outro exemplo: o Twitter do Luneta Sonora faz recomendações de posts que não são da minha linha de pensamento, e eu o tempo todo ajusto as recomendações e ele insiste em recomendar o que eu não quero ler, e o que eu acredito que seja nocivo. Mas ele tá lá, insistindo. Afinal, é o algoritmo, estúpido! Deixar as escolhas do usuário serem determinadas por sistemas automatizados não pode, definitivamente, ser o melhor dos sinais. E nem pode nem vai acabar bem.
Por isso eu não me incomodo em gastar um pouco de dinheiro para ter o meu próprio espaço, e eu já sentia isso lá atrás, há 13 anos. Antes, era um blog do Blogger, do Google, que por mais que tivesse um pouco da sua cara e um dia você já tenha colocado um domínio, não cabe a você muita coisa, porque é quase como uma rede social, tão engessada quanto elas. Daí passei a pagar hospedagem e aprender na unha o que é o WordPress.
Porque aqui eu posso ser eu
E é sendo você que você cresce, posta para quem se interessa em ler, sem aquela obrigação de te adicionar como amigo, afinal, pessoas vão, pessoas vem, que nem carros numa rua movimentada. Muita gente passa porque é o atalho mais fácil para você. E eu tento no meio dessa rua movimentada chamar atenção no meio de tantas páginas parecidas e ao mesmo tempo diferentes, como um estabelecimento no meio dessa rua movimentada.
E você não consegue atrair ninguém num espaço padronizado. Ótimo, você numa rede social posta fotos, vídeos, e muitas vezes se prende aos trends, ao efeito manada: se você não faz uma trend, você tá por fora. Se você não viraliza, você tá isolado. Aqui viralizar tem um efeito completamente diferente da vida real, quando todos nós precisamos mudar nossas rotinas por conta de um vírus. E no meio dessa rotina a gente conta a história que quiser nas redes sociais. Alguns exageram até demais.
No meu blog eu não tenho essas obrigações todas, porque eu sei fazer as minhas regras, aliás, eu faço as minhas regras.
E quero fazer um espaço o mais a minha cara possível. Mas eu ainda estou nas redes sociais, porque elas ainda são necessárias para trazer as pessoas para cá. São as minhas muletas de divulgação, queira ou não. Não sou uma pessoa famosa nem tenho contas verificadas. E por isso mesmo eu preciso provar a cada dia as minhas capacidades. Para as pessoas. Para mim mesmo.
Aqui eu sou a luneta de um planeta
Aqui eu conto tudo o que observei, o que eu testei, das coisas que eu vivenciei. Eu posso postar um texto grande, posso dar notícias, eu posso opinar, você também pode! Afinal, para que existem as caixas de comentários, não é mesmo?
Ter um blog é um modo de marcar uma presença original nas redes. E poder divulgar o meu trabalho com mais autoridade, por mais que sinta que não possa ter como uma publicação famosa, mas o tempo todo afirmar o seu espaço. É isso que faço todos os dias. Quando uma atualização demora, há outros trabalhos em andamento. Quando um post não vai ao ar num dia, no mesmo eu gravo um episódio do Luneta Sonora. E assim a roda gira. Se eu não faço uma coisa, é porque eu estou fazendo outra.
Sem compromisso com trends, sendo você mesmo. Aqui estou eu, mais um dia, escrevendo para o meu espaço. Onde eu crio um produto, e ao mesmo tempo não sou um produto.
E assim tem sido nesses 13 anos. Muitas coisas que aqui estão escritas podem ter mudado, mas esse é um espaço de um ser humano, operado por um ser humano. Ele pode mudar de ideia quantas vezes forem necessárias quando adquire conhecimento. E fazer isso com as suas próprias mãos, por mais que você pague pela manutenção de tudo isso, não tem preço.