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O que é a cultura do arrodeio?

O que é a cultura do arrodeio? E por que você acredita que ninguém quer mexer nela?
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O que é a cultura do arrodeio? E por que você acredita que ninguém quer mexer nela?

Pergunta feita por este editor

Andar longe para chegar num lugar que fica perto. Ou o dobro da distância para chegar num lugar que fica praticamente do seu lado. Imagine você ter que ir para a casa de uma pessoa, entrar pelo portão, e descobrir que você precisa acessar a sala de casa passando pela lateral, pela porta do quintal e só aí chegar na sala dessa casa? Eu não sei se você entendeu a minha analogia, mas isso é arrodear para chegar até a sala que poderia ser acessível simplesmente pela porta da frente. Mas ela está trancada porque a pessoa que mora naquela casa acredita que está bom assim. E mesmo quem reclama, não quer abrir essa porta ou pedir que a porta da frente seja aberta.

Pois imagine que a casa é a cidade de João Pessoa, você seja a pessoa que depende de ônibus e a pessoa que mora nessa casa seja uma amálgama ao mesmo tempo das autoridades, dos políticos sejam eles de situação e oposição, empresas de ônibus, da própria população, enfim, da sociedade como um todo. Elas te fazem passar por tudo isso porque elas acham cômodo manter a porta da sala de casa fechada para você acessar a sala de casa entrando pela porta do quintal. E essa é a única opção que você tem. Mas você não precisaria passar por isso se você pudesse pedir para que a porta da frente ser aberta. Seria tudo mais simples, mas querem fazer você acreditar que é complicado demais.

A cultura do arrodeio é sobre isso: um sistema de linhas e corredores que te obriga a andar por lugares da sua casa (no caso, a cidade, na historinha que eu contei) onde você não deveria estar passando para chegar até o seu destino. É basicamente o que faz o sistema radiocêntrico da década de 1970, baseado numa outra João Pessoa que já não existe mais, mas que forçam a barra de que ela ainda existe. Uma cidade que não conferia as mesmas oportunidades de estudos e empregos para todas as pessoas que existia naquela época. Mesmo com toda a desigualdade que ainda possa existir, os tempos e as oportunidades são outros.

E aí eu chego na segunda parte da pergunta: por que ninguém quer mexer nela? Porque a única coisa que traz visibilidade para os políticos é entregar veículos, manter a aparência da frota nova, porque é o que todo mundo que é leigo nota: quando o veículo ônibus está ruim, quando ele lota, quando ele quebra (coisa que acontece com qualquer máquina). A estrutura para eles está ótima, na visão das pessoas é só colocar mais ônibus, mas elas não se dão conta de que muitas vezes estão andando mais de 10 km para chegar no seu local de trabalho ou estudo que fica a menos de 5 km. E chegam cansados em relação a quem não precisa dar tantas voltas.

Todo mundo quer mexer no mais fácil, mas ninguém quer mexer justamente naquilo que não funciona porque teme mexer em hábitos consolidados, que poderiam ser melhor ajustados e escancaram as desigualdades. Teme mexer num número de linha, num itinerário que muita gente nem sabe que não funciona, que é insustentável, ineficiente, e principalmente, dá voltas e voltas. Quando eu digo que existe uma “cultura do arrodeio”, é sobre isso: o pessoense acredita que o problema está nos ônibus, nas linhas que faltam, mas não sabem que é justamente na estrutura das linhas que está a raiz dos problemas que enfrenta diariamente.

Não quis explicar a cultura do arrodeio da maneira mais óbvia, mas espero que você tenha entendido a minha analogia. Se você quer ir a algum lugar, o itinerário precisa ser objetivo e não enrolar tanto. É basicamente isso. Você tem menos chance de chegar cansado e estressado, afinal, não é somente sobre quanto tempo você espera pelo ônibus, é também quanto tempo você fica dentro dele, muitas vezes pegando congestionamento. Não dá para normalizar ficar meia hora dentro de um ônibus em uma cidade considerada pequena. E nem fazer circulares desnecessários para chegar a lugares que ficam ao seu lado.

Vocês vão entender melhor o que eu quero dizer nos próximos dias, nas próximas perguntas, com exemplos práticos do que é a cultura do arrodeio e como vocês se acostumaram com isso, e não se dão conta que é aí que moram os problemas que vocês enfrentam todos os dias, há décadas, afinal, não adianta arrumar culpados, temos que reconhecer que somos um pouco parte do problema quando toleramos essa cultura do arrodeio. Se quiserem, podem fazer perguntas também. Mas prestem atenção aos textos que eu for postar nos próximos dias, ok? O que eu quero é provocar uma reflexão e uma revolução, se eu for pequeno o suficiente para causar isso, eu serei grande o suficiente para lá na frente ser entendido por vocês.

Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.

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