Imagine que entrei aqui dentro de casa em março. Fiz tudo o possível para me proteger, mas muita, mas muita gente lá fora pegou o danado do vírus. Ninguém da família, ufa? Que o “por enquanto” nunca chegue e para isso, precisamos tomar todos os cuidados possíveis. Porque a pandemia não acabou. E chegamos em agosto.
Quase cinco meses são suficientes para se pensar o que mudou lá fora. Nem me contem. Queria ver como as coisas estão por minha própria conta, mas quando chegar o momento e realmente me sentir seguro de poder sair. Se eu considero que ainda não é o momento, não é. E ainda não seria nesse momento. Então, passamos mais um dia.
Porque não há medo. Há o fator surpresa. E é isso que preciso calcular. A surpresa assusta mais que o próprio medo. Medo é uma coisa que você tem de algo que você sabe que é uma ameaça. Mas tem como você ir perdendo quando sabe onde o perigo está. E a surpresa?
O mundo lá fora mudou radicalmente, eu sei. Sei que perdi quase metade do ano aqui dentro de casa. E não perdi ao mesmo tempo. Só sei que tô aproveitando cada momento e nada mais importa agora. Sei dos caminhos que sigo. E não esqueci deles.
Março passou num instante, e aqui dentro virou agosto. Daqui em diante saberei em qual momento vou me sentir seguro. Agora, depois, no momento certo. Com calma, sem afobação, na certeza de que você fez a coisa certa.