Esses 154 dias de isolamento encerrados na quinta-feira vão ficar marcados por uma coisa que jamais imaginei que conseguisse colocar sob controle por mim mesmo, dentro de casa, e ainda mais num momento de pandemia, onde o TOC poderia gritar “você pode ficar doente”. Poderia, porque não gritou. Lavar as mãos não era mania, era regra. Fazer as suas coisas na tranquilidade de casa lhe ajudou muito. E assim coloquei a ansiedade sob controle.
Sim, foi no momento mais inacreditável que poderia acontecer, quando isso poderia ser um gatilho, mas não foi. Não foi! E olha, nem sei como foi que não tive muitas manias e gatilhos esse tempo todo. Só sei que passei por tudo isso na maior tranquilidade, como se tivesse conseguido reprogramar-me completamente.
No momento mais inacreditável e mais desafiador de se conseguir controlar um TOC, uma ansiedade, consegui. Hoje posso dizer que dá para viver uma vida sem manias. Sem ter medo. E é inacreditável – de novo essa palavra? – conseguir em uma pandemia. Onde tudo parecia ser completamente diferente.
Só assim, encarando a ansiedade de frente sem medo, se consegue encarar o mundo lá fora. Para jogar, é preciso treinar. E tô de volta treinado para esse novo momento. Por aqui a gente segue, contando histórias, registrando momentos, entendendo o mundo como ele é.
Podia estar dentro de casa, sem ter colocado o pé pra fora. Mas não me escondi. Tô aqui. Pronto para outra. Sem medo. E com a ansiedade sob controle. Sei que ainda posso enfrentar. Mas sei que eu posso superar.