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p align=”justify”>Enquanto nós aguardamos a aplicação do novo layout nos veículos da PB Rio, vamos falar um pouco sobre a tipologia que foi aplicada no layout criado por Lucas Rodrigues, e escolhido pela direção da empresa entre 19 desenhos que participaram de uma concorrência criativa realizada pelo blog Ônibus Paraibanos em parceria com a empresa. Essa tipologia, como analisei e comentei num post anterior, chama-se Myriad, e é utilizada integralmente no layout. Aliás, para ser preciso, foi utilizada uma variante dessa fonte, a Myriad Pro.
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A tipologia Myriad foi concebida em 1992 pela equipe de designer da Adobe Systems, junto com Robert Slimbach e Carol Twombly. Em 1998 a Myriad ganha a sua família, a Myriad Pro, com variantes de todo tipo: Light (fino), Black (grosso), condensado, estendido, e junte isso com o negrito, itálico, seminegrito e por aí vai.
Essa fonte é encontrada em computadores que possuem programas do Creative Suite da Adobe, tanto é que é a primeira fonte que você encontra quando abre a ferramenta de texto do Illustrator, por exemplo. E desde então virou uma verdadeira referência em se tratando de projetos gráficos, afinal muitos deles passaram a utilizá-lo com mais frequência.
Inclusive a Apple. Sim, a Apple, a gigante de tecnologia. Ela até então utilizava em sua marca uma tipologia própria, a Apple Garamond (que é serifada), até que em 2002 alterou a tipologia da marca para a Myriad. Tudo o que você vê escrito nas peças da empresa, incluindo aí IPod, IPad e IPhone é escrito em Myriad (em seminegrito, tal como Lucas utilizou na PB Rio, só que nesse caso acredito que ele utilizou seminegrito itálico no nome da empresa e no site, e normal na numeração).
No post do blog Ônibus Paraibanos onde foram anunciados os finalistas da concorrência criativa, a direção da PB Rio esclareceu que deve fazer modificações no layout.
Segundo o próprio Claudio Roberto, Presidente da PB Rio, o desenho escolhido sofrerá uma minúscula alteração, pois em todas essas que ele mesmo gostou, se viu a possibilidade de alguma modificação.
Mas vamos supor que a modificação em questão seja na tipologia, tanto que esse é o tema do post. E vamos supor que ele não tenha a Myriad.
E se não puder ser utilizada a tipologia Myriad, que outras tipologias a direção da empresa pode usar como alternativas sem que isso implique em mudanças muito perceptíveis?
Bem, como informamos no tópico anterior, a gente sabe que o projeto pode ser modificado. E se for modificado, acreditamos que seja pela tipologia. Foi então que selecionei aqui quatro alternativas de tipologia que podem ser aplicadas no projeto sem que essa alteração seja muito perceptível sem precisar usar Arial para tudo nessa vida. Para uma empresa que já utilizou Staccato 555 em seu layout, chegar até uma alteração minúscula pode ser fácil.
As seguintes alternativas foram selecionadas pelo grau de semelhança com a Myriad Pro. Logo, quanto maior a semelhança, menor é a percepção da alteração.
Frutiger
Essa tipologia é a aplicada no layout padrão dos ônibus da cidade do Rio de Janeiro. Não pode ser utilizada outra a não ser essa, tanto que a Prefeitura do Rio de Janeiro disponibilizou as empresas manuais de identidade que devem ser seguidos à risca pelas empresas.
Essa fonte é a mais parecida com a Myriad, aliás, a Myriad parece ter sido baseada na Frutiger, já que a criação da tipologia data de 1975.
A tipologia foi criada por Adrian Frutiger (daí o nome) em 1968, atendendo a encomenda do Aeroporto Internacional Charles de Gaulle, na França, que estava implementando um novo sistema de sinalização em seu interior. A fonte ficou pronta em 1975, e logo foi aplicada na sinalização do aeroporto francês, considerado o mais bem sinalizado do mundo. E se chamarem a fonte Frutiger de “fonte de aeroporto” é por isso.
Também é aplicada na sinalização do Metrô de Buenos Aires. Pelo visto a vocação da tipologia tem sido mesmo a aplicação em sinalização de transportes, pela sua facilidade de leitura e aplicação em sinalização.
A variante da Frutiger utilizada pelos ônibus do Rio de Janeiro é a 57 Cn (Cn = Condensed).
As diferenças em relação a Myriad são muito sutis, para não falar quase imperceptíveis. Pode até ter sido essa a tipologia aplicada no layout de Lucas, se eu tiver errado ao dizer Myriad por milímetros.
Lucida Grande
Desenvolvida por Charles Bigelow e Kris Holmes, a família Lucida é bem numerosa. O Word 2007 disponibiliza várias fontes da família Lucida: Fax, Handwriting, Console, Sans, mas ela não tem a Lucida Grande (tem uma que chega mais perto, Lucida Sans Unicode). Do tipo: a família toda veio, menos a mãe.
Como bem disse, a Lucida Grande não tem no Word 2007, tanto que para compor este post tive que baixar e instalar a Lucida Grande manualmente. E sem querer acabei achando uma tipologia aplicada em uma interface bem conhecida: O Facebook utiliza a Lucida Grande! Após a instalação da fonte,notei que a tipologia do layout do Facebook havia mudado no meu computador. O computador não tinha a tipologia original do layout da rede social.
Não se esqueça: O sistema interpreta as tipologias que o seu computador tem. Sem a Lucida Grande instalada no computador, o layout do Facebook interpreta tudo o que está escrito na tipologia Tahoma (a qual comentaremos depois sobre ela). Até o próprio layout deste blog é influenciado: se seu computador não tiver instalada a fonte Candara, ela interpreta Times New Roman ou Arial.
Mas voltando ao layout gráfico da PB Rio, a fonte é muito comparada a Myriad. Mas essas diferenças são mais perceptíveis quando se observam alguns detalhes, os quais podem ser observados nesse quadro que fiz ilustrando um mapa simples de cada tipologia, usando caracteres maiúsculos, minúsculos e numerais.
Verdana
A tipologia foi criada por Matthew Carter em 1996, também baseada no Frutiger com algumas diferenças propositais, como por exemplo na pseudo-serifa da letra J tanto na maiúscula quanto na minúscula. E depois que a Microsoft Corporation (que encomendou a fonte) passou a incluí-la no Windows passou a ser uma constante em vários projetos. Projetada para ser lida em textos pequenos, o problema é que essa fonte é enorme demais comparada a outras.
Se consegue chamar para o projeto, algumas vezes consegue, tanto que é a fonte que utilizo nos títulos do blog (todos eles em caixa alta). De todas as opções de tipologia disponibilizadas pelo Blogger, essa conseguiu um bom impacto nos títulos que as outras tipologias disponíveis não conseguem para mim. Chama mesmo a atenção para o título e atrai o leitor a ler o conteúdo do post.
Se por exemplo essa alternativa for aplicada, ela será perceptível até demais, pelo fato da tipologia ser enorme demais até em números pequenos. Para efeito de mudança não ficaria bom.
Tahoma
Mas nem tudo está perdido para a Verdana. O mesmo Matthew Carter desenvolveu em 1999 uma tipologia com absolutamente o mesmo desenho da Verdana. Porém uma Verdana mais compacta, confortável aos olhos, sem aquela sensação de fonte enorme e espaçosa que ela dá. Assim nasceu a Tahoma.
Também encomendada para a Microsoft, a tipologia Tahoma é a fonte padrão do Windows XP, logo, os computadores com esse sistema operacional para cima tem essa fonte instalada. Também é a fonte utilizada na marca da Prefeitura de João Pessoa, bem como em quase toda a comunicação visual da mesma.
Como essa tipologia não carrega a sensação de peso da Verdana, é uma opção mais adequada para ela. Criada para leitura em telas de computador, é comum encontrar páginas com essa tipologia (o layout do Facebook interpreta a fonte Tahoma quando você não tem a Lucida Grande).
No esquema que montei abaixo, é possível ver as diferenças entre as duas tipologias. O desenho é praticamente o mesmo, mas é possível reparar que a fonte Tahoma ocupa menos espaço que a Verdana. Em ambos os casos utilizei como parâmetro o tamanho 36, mesmo tamanho do primeiro esquema mostrado no post:
Nas três últimas alternativas, os caracteres numéricos da tipologia são muito diferentes, o caractere 1, por exemplo, de todas as alternativas do Myriad, menos o Frutiger, possui uma base horizontal (os “pés” do número 1, para situar melhor). No Lucida Grande o número 7 é recurvado.
Aplicação prática
Sem querer, acabei escrevendo um verdadeiro artigo sobre a aplicação de tipologias em projetos de sinalização de transportes. visto o tamanho do post e os detalhes que pesquisamos até chegar a esses resultados de alternativas de tipologia.
Na série “Os Layouts da PB Rio”, você pode ter uma ideia de aplicação prática do que os candidatos utilizaram em seus projetos, tanto que todos os mockups possuem uma ficha com o nome das tipologias utilizadas. Já coloquei no ar seis mockups, faltando mais doze. Aqui os links com os posts já publicados da série:
Link: Os Layouts da PB Rio- Parte 1
Link: Os Layouts da PB Rio- Parte 2
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p align=”justify”>Por aí você já vai compreender o que quis dizer com a aplicação das tipologias certas para cada projeto. Para fazer uma coisa organizada não precisa ser um verdadeiro expert. Só precisa, claro, de um pouco de noção de organização e só. São coisas simples que fazem com que a sua ideia fique na mais perfeita harmonia.
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p align=”justify”>E isso Lucas Rodrigues conseguiu fazer muito bem, equilibrando os elementos, aplicando-os proporcionalmente e desenvolvendo um layout excelente, tanto que foi escolhido para ser aplicado nos veículos da PB Rio, e esperamos vê-lo logo nas ruas.