Os últimos acontecimentos envolvendo as duas maiores emissoras de televisão do país demonstram o descompromisso de ambas em construir uma comunicação verdadeiramente democrática, onde o interesse público deve estar acima dos interesses dos que fazem as empresas. O episódio que foi acompanhado pelos telespectadores dos canais 7 e 12 (a Globo e a Record respectivamente aqui em João Pessoa) demonstram essa defesa mútua de interesses.
Tem certas coisas que os canais não reconhecem. E esse é o tema desse desabafo. E eu já falei disso numa ocasião anterior, mas parece que ninguém aprende.
É muito fácil conseguir audiência com formatos estrangeiros de programas de televisão, o que demonstra que as emissoras não investem (ou não querem investir) em criação nem em ideias próprias, genuinamente nacionais. O programa A Fazenda, da Record, é um formato de uma produtora inglesa e está em sua primeira versão. O No Limite, da Globo, também de produtora norte-americana, está na sua quarta versão e com um formato gasto, o que explica a baixa audiência. E a Record não pode se vangloriar pelo resultado, porque o formato de seu programa pode desgastar como o da concorrente, se fizer uma nova versão. E formatos desse tipo se desgastam rápido.
Apesar da raiva que a TV Record sente da concorrente, ela contrata seus profissionais de lá, da Globo. Em detrimento da ideia de caras novas. O que as emissoras mostraram em seus noticiários todo mundo já sabe, de vídeos do You Tube, de várias fontes da Internet, enfim, de histórias já gastas na própria história. Coisas que eu já sei e aprendi a conviver com os erros. E a história se encarrega de surpreender às vezes: Fernando Collor, que foi defendido em 1989 em reportagens da Globo, quase minando a campanha de Lula, hoje, como senador, está na base aliada do presidente. O mesmo Lula de 1989. Falar que a Globo faz campanha para os tucanos (dá para notar) é assumir que faz para os petistas.
E nunca é demais lembrar: a Globo já não detém mais o monopólio da informação faz muito tempo. E por causa da própria Record, que por mais que diga, não vejo nela esse compromisso de democratizar o direito à informação. Volto a dizer: obter a exclusividade de uma Olimpíada de 2012 ou de dois Jogos Pan-Americanos e transmitir esses complexos eventos sozinha em televisão aberta, impedindo até mesmo a Bandeirantes de transmitir não é monopólio também?
Como futuro estudante de Comunicação, isso muito me preocupa. Porque o mercado que vou encontrar é esse. E acredito que eu e muita gente que tenha o mesmo pensamento possam mudar tudo isso. Eu não estou do lado de ninguém. Estou do lado da verdadeira liberdade de expressão. E ainda acredito que a comunicação ainda encontre o rumo que perdeu há décadas.
Enquanto ambas ficam trocando acusações em suas redações, alguma coisa que deveria virar notícia se perde lá fora. E é nessa que os blogs entram, para preencher esse vazio.