Sei, gente. Sei da palestra que houve com quatro apresentadores de TV que teve lá no auditório do IESP na segunda-feira, 29 de abril. Até porque, como diz Marcelo Rezende, eu estava lá. Por conta das outras palestras e atividades acabei parando um pouquinho de atualizar as páginas, até para acompanhar melhor todas elas.
A situação: Palestra de abertura da 15ª Semana da Agência do IESP. Foram convidados Patrícia Rocha (apresentadora do Bom Dia Paraíba, da TV Cabo Branco), Fernanda Albuquerque (apresentadora do Mulher Demais, da TV Correio), Padre Albeni (apresentador e comentarista na TV Master, canal por assinatura local) e aquele que detém 50% da audiência do meio-dia, Samuka Duarte, da TV Correio.
Bem, é isso mesmo que vocês leram, convidaram o Samuka. E convidar o Samuka Duarte para uma palestra com outros comunicadores é a certeza absoluta de que o negócio podia prometer, já que todo mundo sabe quem é o apresentador e como ele é. Ele estava lá não para discutir mídia e opinião pública, que era o tema da palestra, mas para defender a maneira como ele conduz o seu programa. E não disse que o negócio ia prometer? Prometeu. E cumpriu.
A Patrícia mencionou – sem citar nomes – em relação ao formato de jornalismo que preza pelo espetáculo e pela violência pela violência, numa crítica ao formato. O Samuka, interpretando a posição de Patrícia como uma alfinetada ao programa dele, ao invés de responder ao mesmo questionamento da apresentadora, foi lá, e como se estivesse no estúdio do seu programa, disse que tudo era “dor de cotovelo” pela audiência que ele conquistou no horário e que a concorrência, ao se tremer de medo dele, estaria tentando mudar para ver se conseguia alcançar os índices dele –e o resto é o que você vê nesse vídeo. Por se tratar de link de Facebook, clique nesta frase abaixo para ver o vídeo gravado por um dos alunos – situando melhor, eu estava praticamente atrás dele assistindo tudo isso e mais um pouco, na segunda fila.
Falando para o país inteiro que certamente lê este texto e vai se identificar com essa situação: a própria Patrícia Rocha mencionou que a Globo sofre, sim, com o horário do meio-dia, quando exibe seus telejornais locais. A concorrência é forte em todo país, não só na Paraíba. Eu mesmo converso com Valério Júnior (Paraíba Bus) sobre os programas das afiliadas, e constato situações bem parecidas em todo o Nordeste. Conhece o “Cidade 190”, da TV Cidade Fortaleza? Ou o “Se Liga Bocão” da Record Bahia? São duas situações que mostram que isso não é um fenômeno isolado da Paraíba. Até pegando o caso da Record Bahia (que é uma emissora própria, isto é, controlada pela matriz), encontrei aqui uma descrição do programa Se Liga Bocão; por ela, nota-se que em nada difere do formato do Correio Verdade exibido aqui:
Comandado pelo explosivo José Eduardo, o Se liga Bocão reúne jornalismo social, denúncia e entretenimento. O programa é líder de audiência no horário e não esconde a realidade do povo baiano. Com matérias exclusivas, depoimentos fortes, que muitas vezes chocam e emocionam o telespectador, o programa mostra a realidade dos fatos sem maquiagem. Além de contar com um helicóptero para coberturas aéreas, a atração usa também, o link móvel para agilizar a transmissão da informação em tempo real. É um espaço para denúncias, apelos, cantorias, diversão… Sem censura!!!
Texto de descrição do programa Se Liga Bocão, da TV Record Bahia (antiga TV Itapoan)
Tirando a parte do helicóptero e do link móvel, até porque em se tratando de uma emissora própria, a estrutura é considerável, e trocando o nome do José Eduardo pelo do Samuka, estamos falando absolutamente do mesmo programa.
E não é só porque é o Samuka ou o Sistema Correio, aliás, esse sistema quer ser primeiro em tudo o que veículo de tratando de comunicação, mas ninguém menciona a palavra monopólio ao se referir a esse sistema, afinal, a TV Correio é afiliada a Rede Record.
Rede Record, aliás, que pode assistir o sinal da parabólica, age desse mesmo jeito no jornalismo local. Afinal, sabe o anão Marquinhos que apareceu no Programa do Gugu? Pois bem, é assistente de palco do programa Balanço Geral, que enquanto a Paraíba assiste a programação local da Correio, é o que a matriz exibe em São Paulo. Bem se vê que a Record estimula as suas afiliadas a esse tipo de jornalismo.
O Samuka até mencionou o Lauro Lima em um dado momento, dizendo que “estava concorrendo com ele e ele sumiu”. Não, Samuka, muito pelo contrário, o Lauro Lima, indiretamente, é seu colega de Record (e no momento que você trabalha para uma afiliada da Record indiretamente é para a Record que você trabalha). Lauro Lima, ao sair da TV Clube João Pessoa (Band), recebeu um convite da TV Tropical – afiliada da Record em Natal-RN – e hoje comanda um programa policial nessa emissora, o Cidade Alerta RN.
Vamos voltar para a Globo: há quem concorde que a emissora precise mudar o comportamento em relação ao jornalismo, sim. E ela precisa fazer isso para não ser engolida pela concorrência como vem sendo em várias praças, mesmo que essa concorrência a faça de maneira questionável, mas não vamos discutir mais isso. Ela está se esforçando em mudar nas emissoras próprias e afiliadas no que diz respeito ao Praça TV. O próprio Bom Dia São Paulo vai passar por isso na segunda-feira. Tirar o jornalismo do gesso não pode nem deve significar fazer qualquer coisa como as afiliadas da Record (bem como de outras redes) vem fazendo. Deve-se, sim, aproximá-lo da população, mas não transformá-lo numa bagunça, só porque é isso que supostamente o povo quer ver.
Foi um momento épico nesse tempo todo que estou no curso de Publicidade – e é porque concluo o curso esse ano. Não poderia sair de lá sem essa.
Infelizmente não tirei foto nem fiz vídeo desse momento épico, tão compenetrado – ou tentando –estava na palestra. É assim mesmo, acontece, gente.