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#ContentTalks: a crise de identidade do Instagram

O Instagram passa por uma crise de identidade, provocada pela própria plataforma na tentativa de bater o TikTok. E isso incomoda o usuário.
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Bem, na segunda-feira falei no #ContentTalks sobre o sucesso dos vídeos curtos. Era, logicamente, o sucesso de uma adaptação das artes digitais. Mas é aquilo, é uma adaptação; a primeira rede onde vão ao ar é o TikTok, depois nas demais. E é isso que está incomodando o Instagram, ao mesmo tempo que os usuários passaram a se incomodar com a plataforma por perder a sua essência, ou seja, passando por uma crise de identidade.

Quem pode fazer alguma coisa em vídeo, consegue fazer alguma coisa e tirar o máximo das plataformas. Mas os usuários têm as suas prioridades.

E é lógico que muita gente não gosta muito de produzir vídeos. E parece que para o Instagram a opinião desses usuários não estava contando tanto, até que eles reclamaram.

Reclamação até de quem influencia

Na semana passada, influenciadores norte-americanos já reclamaram dos rumos que o Instagram vem tomando, a exemplo das irmãs Kardashian. Kylie Jenner compartilhou um story pedindo apenas que o Instagram “pare de tentar ser o TikTok, eu quero ver fotos fofas dos meus amigos”.

O que elas estão dizendo, todo mundo na plataforma notou: o Instagram direciona os algoritmos aos formatos que quer promover, como o Reels, achando que vai fazer com o TikTok o que fez com o Snapchat: abater com um recurso deles. Como não estão conseguindo, direcionam o algoritmo. Assim, como bem disse, é fácil emplacar nos Reels.

Mas muita gente se sente obrigada a fazer alguma coisa no formato se quiser emplacar. E como ninguém tem cabeça para pensar em conteúdos diferentes para TikTok, Instagram, Kwai, YouTube Shorts e vai saber o que mais vai surgir nessa linha, é lógico que o jeito é postar o mesmo vídeo em vários lugares diferentes. O que eu tenho feito com as minhas artes digitais. Elas são únicas demais para serem exclusivas de uma plataforma só.

Enquanto isso, as minhas fotos e gráficos estáticos – maioria absoluta de conteúdos do Instagram – não emplacam por nada desse mundo. Pelo menos a minha mãe curte os posts – por isso eu tento. E daí, entendem porque ter um site próprio é essencial?

Abaixo-assinado

O manifesto começou a partir de um abaixo-assinado criado pela fotógrafa Tati Bruening, que pede que o Instagram volte a suas origens, com críticas aos Reels (TikToks reciclados, e é verdade mesmo), pedido de volta do feed cronológico (que até voltou, mas é uma função escondida e não prioritária, ou seja, você não abre e vê, e sim tem que selecionar toda vez que abrir), além de pedir que a plataforma escute os criadores.

Em português, a íntegra do manifesto é esta:

Nós, o Povo, declaramos que é isso que queremos:

TRAGAM O FEED CRONOLÓGICO DE VOLTA!

Não há necessidade de complicar demais as coisas, só queremos ver quando nossos amigos postarem, a beleza do Instagram é que era instantâneo. Nos primórdios do aplicativo, todos estávamos vivendo o momento, vendo nossos melhores momentos em tempo real. 

PAREM DE TENTAR SER O TIKTOK!

Temos o TikTok por um motivo e sejamos honestos, todos os reels são TikToks reciclados ou conteúdos que todo mundo já viu. O que é inovador e único em conteúdos velhos e passados? Nada!

UM ALGORITMO QUE FAVOREÇA FOTOS!

Vamos voltar às nossas raízes com o Instagram e lembrar que a intenção por trás do Insta era compartilhar fotos, pelo bem de Pete, não tínhamos vídeo no app até que os desenvolvedores ficaram com medo do Vine. Aliás, que o Vine descanse em paz, sentimos falta disso também. 

UMA PLATAFORMA QUE ESCUTE OS CRIADORES!

Me parece errado mudar o algoritmo para os criadores que conseguem seu sustento no app e contribuíram para a comunidade, forçando-os a mudar toda a sua direção de conteúdo e estilo de vida para servir um novo algoritmo.

Ouçam a comunidade. Levem nossos pensamentos e pedidos em consideração! O objetivo deste abaixo-assinado é chamar a atenção para o que os consumidores querem do Instagram e iniciar uma conversa sobre a saúde do nosso querido aplicativo ❤️

Abaixo assinado de Tati Bruening reinvindicando a volta do Instagram a suas origens. Pode ser assinado em Change.org

A resposta do Instagram

Todo esse movimento significativo inicialmente ainda não sensibilizou o CEO do Instagram, Adam Mosseri, que justificou a ênfase em vídeos pelo comportamento das pessoas, já que é o que elas estão curtindo. Isso é o que ele disse assim que o movimento começou, mas tão logo o movimento ganhou repercussão, ele voltou atrás em algumas coisas, ao desistir de utilizar o chamado feed imersivo e reduzir a escolha de “conteúdos recomendados” no feed inicial.

Como eu disse – e até você deve concordar comigo – é fácil dizer que os usuários curtem esse conteúdo quando é praticamente só isso que a plataforma entrega. Há quanto tempo você não vê uma atualização dos seus amigos – e eles até acham que você sumiu?

É fácil pedir para você se adaptar. Mas é aquilo: rede social não é um ambiente próprio, por mais que você personalize, você depende dos algoritmos, que não só te escondem do mundo, mas das pessoas próximas também. Redes sociais vão e passam, lembro que o antigo Orkut foi o primeiro veículo de divulgação desse blog. E bem, ele sobrevive.

Luneta Sonora especial

Essa polêmica toda dessa crise de identidade do Instagram foi assunto do Luneta Sonora da última sexta-feira. Se você ainda não ouviu, aproveite para ouvir o episódio 044 do podcast.

Da redação do texto em diante, como bem dizia, o Instagram deu para trás em algumas coisas, como desistir de implantar o chamado feed imersivo e reduzir um pouco a questão dos chamados “conteúdos recomendados”. Afinal, se alguém te segue, quer ver o seu conteúdo e muitas vezes não está conseguindo, e nessa crise de identidade quem trabalha com a plataforma perde.

Enquanto isso, todos os vídeos do Instagram agora são Reels. Esse é o assunto de amanhã, na web story da semana.

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