19 de março não terminou faz 100 dias para mim. Da porta para dentro, o tempo parou. O que parecia surreal se tornou real, de algo que quando começou o ano, jamais esperava passar, nem na minha imaginação. Desde esse momento, senti como o tempo passa rápido e devagar ao mesmo tempo.
Mas precisei ficar aqui de 19 de março em diante. E nesse momento que completa 100 dias exatos, aprendi e reaprendi muita coisa. Valorizei cada momento com a minha família, cada dia, e levo isso para a vida inteira.
19 de março não terminou ainda. Só eu sei o momento que eu vou me sentir mais seguro para ver o mundo lá fora e saber se a cidade mudou. Enquanto isso, me movimentei, porque cada movimento é um aprendizado. E tudo o que fiz e faço é para guardar, registrar, contar, valorizar cada momento, minha identidade.
Um aprendizado que vou levar para a vida e que não deixa de ser uma pequena revolução.
Para aprender que tudo e nada ao mesmo tempo estão sob o nosso controle. Do que lembrei e esqueci. E do tanto que produzi.
Nunca fiquei tanto tempo aqui dentro. E é esse tempo que me fez aprender a valorizar cada detalhe da minha identidade e da minha história.
É isso que eu vou levar e contar daqui a trinta, quarenta anos, as futuras gerações, que espero que não saibam o que é uma pandemia.
A quarentena continua. Quando tudo tiver melhor e em segurança, me sentirei seguro em sair. No momento ainda não. Mas logo isso passa.