Ontem foi Dia das Crianças, e bem, muito do meu fascĂnio pelo transporte coletivo de JoĂŁo Pessoa Ă© dessa Ă©poca. E atĂ© aproveitando uma deixa da pergunta do Daily Prompt de hoje, que questionou quando eu me senti um adulto, eu tinha destacado um daqueles momentos em que eu me senti realmente um adulto, que foi a primeira vez que eu andei de ĂŽnibus sozinho sem saber que aquela era a primeira vez.
E atĂ© aproveitando esse gancho, quantas nĂŁo foram as aventuras de criança que eu fiz nos ĂŽnibus da cidade? Todo o fascĂnio pelo transporte surgiu daĂ.
Como dizia, eu tenho 34 anos. Nasci em 1988, e bem, eu não poderia dizer que eu me sentiria velho se dissesse que era da época da Setusa, a antiga empresa estatal que fazia as linhas circulares de João Pessoa. Ela se foi em 1996, mas as próprias linhas ficaram, e são até hoje a base do sistema pessoense. Muita gente ia além, como eu. Eu e meu irmão jå rodamos vårias vezes nas circulares 2300 e 3200.
Ou atĂ© se aventurava em linhas que passam no limite do seu bairro, como o 208-Cristo/Vale das Palmeiras, quando o prĂłprio Vale das Palmeiras era um “meio do nada”, muito diferente do que Ă© hoje, onde se fez um novo conjunto habitacional, a população triplicou e mais casas brotam ao redor dos conjuntos. O que era o “meio do nada” se integrou de vez a cidade.
Até porque eu não conhecia todo o bairro do Cristo Redentor na infùncia. Afinal, o bairro é grande e mal då para andar ele todo em um dia. Até hoje.
Aventuras fora do Cristo Redentor? Sim!
Mas se eu nĂŁo me aventurava dentro do bairro do Cristo, eu descobria outras linhas “impossĂveis” na Ă©poca, como as linhas 106-Geisel na Ă©poca da Boa Vista ou 502-Geisel na Ă©poca da Transurb. Essas linhas sobreviveram a vĂĄrias extinçÔes, a pandemia, e ainda estĂŁo operantes.
E as idas na praia na linha 207-Penha? Existia uma Ă©poca em que do antigo girador – hoje o Trevo – de Mangabeira para a Penha, a estrada era completamente de barro, e a Transnacional Ă Ă©poca sĂł mandava ĂŽnibus em fim de carreira. 25 anos sĂŁo suficientes para mudar a cara daquele trecho da estrada que hoje Ă© a Avenida Hilton Souto Maior, com casas de alto padrĂŁo e atĂ© um shopping.
Nem conta a Ă©poca do 507-Cabo Branco, essa linha que atravessou geraçÔes e atĂ© a mudança na gestĂŁo de quem a opera hoje. A mesma famĂlia opera essa linha hĂĄ quase 50 anos e praticamente levou – e ainda leva – geraçÔes e geraçÔes da cidade toda nela, mesmo nĂŁo tendo tanta influĂȘncia no sistema como a famĂlia que opera a maioria das linhas da capital paraibana.
Mas jĂĄ que a infĂąncia passou…
E sim, eu jĂĄ matei a saudade da infĂąncia vĂĄrias vezes como adulto ao rodar no 2300-Circular, agora como SĂŁo Jorge. A Ășltima vez que eu fiz isso nĂŁo estava nem sonhando que uma pandemia ia acontecer.
E nem sei quando vou fazer isso outras vezes. A cabeça jå é outra, o expediente é puxado, e é porque eu mesmo determino. Só queria que as coisas melhorassem mais um pouco e eu pudesse também arrumar uns trabalhos externos. Mas vai melhorar.
Se hoje eu tenho fascĂnio pelo transporte pĂșblico, isso tudo começou lĂĄ na infĂąncia graças as aventuras que eu jĂĄ vivi. E que talvez hoje, como adulto, ainda pense em revivĂȘ-las. Afinal, vocĂȘ tem todo o tempo do mundo para poder reviver quando quiser. Mas quem sabe…