A gente nunca espera que algo de muito grave aconteça para que se alerte sobre os problemas do corredor 2 de Fevereiro, mas parece que as autoridades de trânsito se fazem de São Tomé. Se estavam esperando mais uma tragédia acontecer ali, ela aconteceu na noite da última quarta-feira. Pior, com um óbito.
Para começar este post, vamos lembrar que o corredor da 2 de Fevereiro não possui nenhum monitoramento eletrônico, nem por câmeras, nem por lombadas eletrônicas. Aqui o mau motorista faz o que quiser que não será incomodado.
O trecho onde aconteceu o acidente de quarta-feira – onde um carro invadiu a calçada atropelando duas pessoas, causando o óbito de uma adolescente de 14 anos – é a descida de uma ladeira. Leve, mas uma descida.
Antes dessa descida há uma lombada física, que é tudo que a Prefeitura de João Pessoa acha que resolve os problemas do corredor. Temos quatro lombadas físicas nas duas vias que formam o binário, construídas nos últimos dez anos. Para você ver o quanto as administrações municipais nesse tempo todo se preocupam tanto com esse corredor, só que não, a maioria dessas lombadas foram construídas após acidentes.
Falta de monitoramento, a via vira anarquia. Estou falando de problemas de anos e anos, onde quando a bomba explode, a Prefeitura só resolve com soluções paliativas, que de tão paliativas só se mostram sem efeito quando outros acidentes acontecem. Não só o trecho da descida é delicado, tem outros tão ou mais piores. É isso que quero mostrar aqui.
Perceba este trecho aqui, um ponto cego para pedestres, um trecho onde se bobear, você bate na traseira do carro da frente.
Este outro é bem conhecido e o problema não é nem o afunilamento da feira. Já te disse que lombadas físicas não intimidam maus motoristas? Esse trecho aqui é a prova.
Nessa faixa de pedestres do cruzamento acima, já houve atropelamento com óbito, não faz muito tempo, foi esse ano mesmo. Nesse mesmo local, já teve há uns vinte anos atrás caminhão derrubando a parada de ônibus. A faixa fica 140 metros depois de uma lombo-faixa, mas quem disse que isso intimida quem quer andar em alta velocidade? E nem vou comentar o estacionamento no leito da via.
Vamos um pouquinho mais adiante? Temos aqui um dos cruzamentos mais, digamos, bisonhos, do bairro. É o cruzamento das ruas Romeu Rangel e Elias Cavalcanti de Albuquerque. O que não falta aqui é ponto cego. Esse semáforo foi implantado em 2009 na tentativa de diminuir a confusão que esse cruzamento é, mas nem isso dá jeito, basta ver que nesse trecho da Elias Cavalcanti de Albuquerque à direita da foto, é congestionamento todo dia. Motoristas não percebem que o sinal está fechado e se percebem, é por conta dos outros carros parados.
Depois dela, temos essa verdadeira curva de automobilismo na Vicente Costa Filho, digna dos melhores autódromos do mundo. Aqui é outro exemplo de como a Prefeitura passa todos esses anos subestimando o corredor. Não há faixa de pedestres para a parada de ônibus que fica no final desse trecho asfaltado, nem nada que se faça para reduzir a velocidade dos motoristas. Na outra curva de automobilismo do corredor, há uma lombada física e olhe lá, pelo menos ali os motoristas entram em baixa. Mas definitivamente, não é o caso dessa aqui. Melhor ainda é quando você tem que reduzir a velocidade por completo de uma tacada só, pois a próxima curva é bem fechada.
Quer a Prefeitura ou o Estado queiram ou não, o corredor da 2 de Fevereiro é um dos principais da capital paraibana e como tal, precisa ser olhado com atenção no que diz respeito a sinalização e fiscalização de trânsito. E nem enumerei os problemas da parte do Cristo, nem muito menos o que foi feito para escoar o trânsito do entorno dos viadutos que são porta de entrada do Cristo para a Zona Sul. O do Geisel mesmo, o Governo do Estado diz que resolve os problemas do tráfego da BR, mas pelo visto, só o da BR, pois nenhuma ação foi feita no entorno a não ser a pavimentação da via em frente do Almeidão e a construção de um girador. Passando disso, nada mais foi feito, e assim nasce um novo ponto de engarrafamento no bairro. O engraçado é que no Trevo das Mangabeiras o governo estadual fez todas as intervenções possíveis e imagináveis no seu entorno por conta da própria obra. O mesmo não se pode dizer do entorno do Viaduto do Geisel: o que foi feito na Napoleão Duré? E nas vias paralelas?
O blog tem muitas coisas a enumerar. Já tinha matéria até escrita sobre os problemas mais crônicos da mobilidade do Cristo e do Rangel que vão ao ar mês que vem. Acrescentamos mais coisas nesse post. E que as autoridades, que nunca deram a mínima todos esses anos ao corredor, não esperem uma nova tragédia acontecer.