O que seria mais uma novela no já tenso transporte público do bairro da Penha terminou por ser uma minissérie de seis dias. Seis dias que foram o suficiente para a população do bairro se mexer. Era radical demais submeter um bairro a utilizar integração temporal em seus deslocamentos, ainda mais quando ela é de meia hora. Com o tempo que demoraria a passar um 207, quem confiaria? A sorte é que tudo se resolveu. Afinal, sabia que essa história não ia dar mesmo certo.
A ideia era diminuir o tempo de espera do 203 e oferecer novas rotas para os passageiros dos arredores do Distrito Industrial de Mangabeira. O que fazer? A velha fórmula mágica de um par de linhas circulares. Até aí, mais uma história de mais uma linha do Rangel que vira linha circular. Isso se essas linhas não fossem as 2307 e 3207, da Penha, que rodavam com dois carros cada uma. Tiveram a “genial” ideia de encurtar as linhas até o ponto final do 203, fundindo as linhas 2307 e 3207 com esta, e submeter os passageiros da Penha a integração temporal, uma vez que os ônibus iriam até o ponto final de Quadramares. Como se meia hora fosse tempo suficiente para se sair da Penha e pegar outro ônibus.
O motivo seria a demanda baixa das linhas. Mas ela existe e bateu o pé. Não aceitou a mudança que iria penalizá-los a esperar mais do que já esperam. Os moradores da Penha também são cidadãos pessoenses e como tais, exigiram seus direitos. E a mudança que iria penalizá-los não durou nem seis dias.
Desde ontem, as linhas 2307 e 3207 voltaram aos seus itinerários. Voltaram a ter dois carros. Voltaram a atender a Penha. Os moradores do bairro mostraram a força que tem e lutaram pelas linhas, mostrando que a comunidade está ativa e disposta a lutar pelo seu direito de ir e vir.
As linhas foram desmembradas, e os cinco carros que sobraram de cada linha passaram a rodar com os códigos 2303 e 3203, realizando o itinerário de Mangabeira VII que o 203 fazia, só que reforçado com o itinerário do corredor da Pedro II tal como as linhas da Penha. Sim, é mais um par de circulares rodando no Rangel.
Quando a mudança foi divulgada e aplicada, resolvi esperar um pouco para poder comentar a mudança, já que querendo ou não, atinge o bairro onde moro, que é de passagem das linhas – o Rangel fica a 3 km do Centro de João Pessoa. Não queria me precipitar e resolvi esperar. Mas sentindo que não ia dar certo.
E de fato, não deu. As linhas da Penha voltaram e outro circular surgiu no fim das contas. Agora temos sete pares de circulares passando por aqui. Fora a avulsa 5204. Só nos restaram quatro radiais, e a 203, não foi completamente extinta. Virou um verdadeiro zumbi, rodando só de meia-noite até quatro da madrugada. Ou seja, no tetéu. Aliás, o único que roda no Rangel e no Cristo.
Por isso que eu digo: nunca subestime a força de uma comunidade. Aprendam com a Penha.