Tripé que sustenta além do tempo

Quando eu comecei o blog, eu não sabia o que contar nem tinha uma estratégia de conteúdo clara. Ela foi construída com o tempo e com as experiências que eu fui acumulando ao longo desses 17 anos, e bem antes disso. Eu já fazia arte, visto ter experiência construída com cursos de desenho e pintura que eu fiz nos tempos de Ensino Fundamental, e que eu fazia no Centro de João Pessoa. A cidade aos poucos foi se inserindo na minha rotina, e quando eu resolvi deixar o curso de pintura, não fiquei por muito tempo longe do movimento das ruas; lá fui eu para o Lyceu Paraibano fazer o Ensino Médio, e foi ali que a ideia do site – então blog – nasceu, e foi aqui em casa, um dia depois do começo das férias e preocupado se eu passei em Física que eu tomei a decisão de criar o site.

Se eu já acumulei histórias naquela parte da cidade além da parte da cidade onde eu moro, saí do Ensino Médio para a faculdade em um caminho menos óbvio: o de sair de onde eu moro para estudar praticamente em outra cidade. Onde eu fiz Publicidade, fiz em um lugar onde João Pessoa e Cabedelo praticamente se misturam, e as pessoas descobrem que precisam colocar o nome de Cabedelo no rodapé dos seus trabalhos acadêmicos, pois tudo era feito ali, a poucos metros de João Pessoa, não que eu estivesse acostumado com o limite de meu próprio bairro, morando no Rangel, a menos de 100 metros do limite com o Cristo Redentor. Foi desse modo que eu conheci a cidade profundamente – ou eu acreditava que eu conheci mais do que eu acreditava que eu conheci.

E ao concluir o curso de Publicidade e Propaganda, já tinha um tripé sólido e uma base acadêmica suficiente para tornar o meu projeto mais profissional. E fui dando base e significado a esse tripé. A arte era a ferramenta com a qual eu comecei a contar histórias, para depois evoluir para as palavras. A cidade era o cenário de todas essas histórias, e naquele momento, eu entendi ali que eu não queria ser somente um espectador. Queria participar, deixar a minha marca no mundo, mas será que só a arte que eu faço e as palavras dos meus textos seriam suficientes para isso? É aqui que entra a comunicação, porque eu queria levar as minhas histórias e as minhas criações para o máximo de pessoas possíveis, para aquelas que se interessam em saber, para onde eu puder alcançar,  para onde o mundo me levar.

O tripé foi construído ao longo do tempo. E é nele que o site se apóia como base editorial. Desenvolvendo aos poucos as ideias, deixo claros os meus princípios para aqueles que ainda não me conhecem. Solidifiquei o tripé ao ponto dele ser a marca do site, que é uma luneta apoiada em um tripé: a luneta representa a capacidade de observar ao seu redor as histórias que acontecem para que elas sejam contadas, e o tripé é exatamente o que eu acabei de contar: a arte como expressão, a cidade como cenário e a comunicação como ferramenta que leva a expressão para as pessoas que merecem conhecer, diante do muito que elas ainda não conhecem. Eu observo, eu conto, eu faço da minha cidade o meu cenário.

Mesmo sem saber de início o que era esse tripé e sem saber que eu estava montando esse tripé, eu me apoiei nele para chegar onde eu cheguei hoje. Quando você deixa as suas ideias claras para as pessoas, você consegue comunicar com clareza e transparência as suas ideias. E eu acredito que ainda exista um potencial a ser desbloqueado entre essas três coisas que tem tudo a ver, diante das possibilidades de usar a arte e a comunicação como ferramentas para compreender a cidade onde a gente vive. E muitas dessas possibilidades pouca gente usa ou quase ninguém. E eu quero fazer diferente, e o tempo todo eu penso em coisas diferentes para quebrar a rotina e deixar a minha marca no mundo.