Uma das maiores pendências do sistema de ônibus de João Pessoa pós-pandemia – se bem que a pandemia não acabou – é a operação noturna. A maioria das linhas deixa de circular às 21 ou 22 horas, e depois desse horário, várias áreas ficam descobertas de operação noturna. Nem as linhas noturnas rodam a noite toda. O resultado: se os passageiros perdem o último ônibus do dia, ficam perdidos na noite, à espera de um carro de aplicativo – isso quando se arriscam a levar um celular.
E isso quando o carro de aplicativo não cancela a corrida. Muitos motoristas não consideram determinadas corridas vantajosas na noite e geralmente tomam essa atitude. E isso reside no fato que também atinge as próprias empresas de ônibus: a alta dos combustíveis. Só que no caso dos motoristas de aplicativo, eles praticamente pagam para trabalhar e isso logicamente os desestimula.
Essas deficiências da operação noturna escancaram cada vez mais a crise do sistema, seja ela financeira, de credibilidade, enfim, como você quiser definir. A Semob até tentou amenizar acrescentando horários em algumas linhas na semana passada, mas isso não só não resolveu essas pendências como praticamente o passageiro não notou diferença nenhuma. E é difícil levar um passageiro na conversa, mas continuam fazendo isso.
E quando passa das 23…
Enquanto isso, o passageiro da noite fica sem saber como voltar para casa. E se junta aos perdidos na noite, ficando altas horas esperando uma carona ou um carro de aplicativo. A rotina de hoje já é praticamente a mesma pré-pandemia, mas o sistema não acompanhou e cria situações constrangedoras, para não dizer o mínimo, a quem apenas quer garantir o seu retorno sem riscos.
Afinal, a vida continua depois das 23 horas. E há os que trabalham depois das 23 horas também.
Que talvez no futuro, perdidos na noite e altas horas sejam apenas lembranças de programas de sábado à noite. Se bem que ultimamente, é uma rotina diária para muita gente.