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Meu bairro na visão dos candidatos

Você sente que os candidatos a prefeito tratam de certa forma o seu bairro da maneira que o resto da cidade vê, visto que são "do lado de lá da cidade", e isso se reflete em diferença de tratamento?
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Você sente que os candidatos a prefeito tratam de certa forma o seu bairro da maneira que o resto da cidade vê, visto que são “do lado de lá da cidade”, e isso se reflete em diferença de tratamento?

Pergunta feita por este editor

Eu vou lhes contar uma história: essa diferença de tratamento é antiga demais e pouco mudou mesmo com as mudanças de realidade socioeconômica que o bairro vem passando. Isso passa por eliminar estigmas e rótulos que até hoje colaram aqui. Eu, leitor de livros de história, sempre lia como eram as relações de colônia e metrópole. Eu sei, vai parecer uma coisa exagerada fazer essa metáfora de como países deixaram de ser colonizados e a diferença que cada um se desenvolveu após declarar a sua independência. Pois bem, eu poderia dizer mais ou menos isso. Criamos uma mentalidade empreendedora, desenvolvemos nosso próprio comércio, conquistamos um pouco de autonomia. Mas a cidade ainda quer que sejamos um mero dormitório.

E por que eu falo tanto em realidade socioeconômica? Na década de 1970, quando a minha mãe passou a morar em definitivo na rua onde moramos até hoje, o Rangel era uma área literalmente periférica e bem, a cidade de João Pessoa ainda não havia avançado por completo para o Sul. O bairro demorou para se desenvolver e isso se reflete até hoje no desenho dos serviços públicos oferecidos, feitos como se a realidade do bairro fosse a da década de 1970. Mas as coisas mudaram, a olhos vistos, a área Sul da cidade cresceu, e aos poucos o Rangel deixou de ser uma área periférica para estar no meio do mapa da cidade. Já cercados – e bem cercados – por todos os lados.

O “lado de lá da cidade” não nos conhece direito, e parece fazer de tudo para manter esses rótulos e nos negar várias coisas. E tem discursos que me incomodam, porque passam a impressão de nos negar a autonomia que os outros locais da cidade já têm, alguns mais novos do que nós e que se desenvolveram talvez não lentamente, mas com mais eficiência. Temos problemas que precisamos resolver? Sim. Como todos os outros 63 bairros da cidade de João Pessoa além do nosso tem, e que pela complexidade de uma capital, se algum candidato disser que vai resolver todos eles está lhe enganando. Mas eles não podem se sobressair as coisas que foram conquistadas graças ao empenho de quem mora aqui.

Eu já vi tanta coisa na vida, por não ter saído daqui, mas sei que uma hora a carreira vai evoluir e isso será uma realidade, mesmo que eu tenha 36 anos e saiba que nunca é tarde para ir além na vida, afinal, quantas pessoas venceram na vida com 50, 60 anos? É um assunto para outras sete perguntas. Mas tudo o que eu gostaria é que as pessoas “do lado de lá” entendam que aqui existem carreiras, aqui existem talentos, aqui existem pessoas que querem crescer, e principalmente, aqui tem pessoas que tem opiniões próprias, opiniões fortes muitas vezes, que falam o que pensam e que podem discordar de muita coisa. Talvez seja isso que assuste muita gente.

Quero que você enxergue o lugar onde eu moro com outros olhos. Sem aqueles rótulos que colaram há 40 anos. Que o que conquistamos seja de fato reconhecido, aliás, talvez nem precisássemos disso, mas muitas vezes é bom reafirmar para ter o poder de conquistar mais coisas. Independentemente de estar ou não estar aqui, de trabalhar ou não trabalhar aqui, foi aqui que eu comecei a minha carreira, é aqui que eu baseio os meus projetos, é aqui que eu tiro a inspiração para fazer as coisas que eu faço desde que eu me entendo por gente. Mas eu sei que tudo isso vai mudar e isso vai acontecer um dia, porque o que não nos falta é força de vontade.

Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.

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