E se um dia o X voltar?

Quando eu elaborei essas sete perguntas na semana passada, já poderia imaginar que a suspensão do X seria longa, como de fato está sendo. Podia até perder o efeito da pergunta se a rede social voltasse, o que não aconteceu: a suspensão vai passando de duas semanas. Afinal, estamos falando de Elon Musk, uma pessoa que não dá o braço a torcer sobre aquilo que acredita e acha que a liberdade de expressão deveria ser uma coisa absoluta, mesmo sabendo que tem discursos que não se aplicam ao conceito de liberdade, e que justamente aquilo que se considera liberdade de expressão não pode ser usada para lá na frente sufocá-la. Mas o que o antigo Twitter foi há 15 anos é maior que tudo isso, e pelo menos está sendo, mesmo depois de ser comprado pelo Elon Musk e se tornar X.

Afinal de contas, todo mundo que tinha uma opinião para compartilhar ou alguma coisa para mostrar, independente de posicionamento e ideologia, estava lá, mesmo a rede não tendo muitos usuários no Brasil. Apesar disso, e mesmo sendo uma bolha, é uma rede social que, por ser uma grande praça pública onde você consegue encontrar várias opiniões diferentes a respeito das coisas que acontecem no mundo, dita o ritmo de todas as outras e por meio das quais as pessoas podiam compartilhar as suas opiniões sobre tudo. E elas podem continuar fazendo isso livremente em qualquer rede social. Não é sobre censura, afinal, a rede está suspensa porque não cumpriu regras as quais toda empresa de comunicação está sujeita, bem como toda big tech está e não pode se colocar acima da lei.

Agora, já se passaram mais de 10 dias da suspensão do X, e os usuários que fizeram a rede social acontecer seguem se firmando em outras redes, se adequando aquela que melhor se adapte a suas estratégias e a seu público. O Threads segue levando vantagem pela sua integração com o Instagram, e isso explica porque o aplicativo da rede segue sendo mais baixado que o do Bluesky, que de certa forma reteve os hard users do Twitter. Como essa saga ainda promete ser longa, as redes ainda podem se consolidar ao ponto de não conseguir prever quais as consequências de um eventual desbloqueio do X no modo como os usuários vão usar a rede desse momento em diante, e se usar. Ainda é necessário esperar para ver o desenrolar das pendências que o X ainda precisa resolver se quiser voltar a ser acessado no Brasil.

Se eu voltaria para o X depois que a rede social for desbloqueada? É lógico que eu vou saber como as coisas estão. É necessário arrumar a casa que ainda está estabelecida lá. Eu não sei como ela anda desde então, mas um possível retorno vai vir acompanhado com novas estratégias, visto que nesse tempo de novas redes sociais, eu não consegui conectar muita gente que estava lá ao mesmo tempo que eu descobri e sigo descobrindo criadores novos, que trazem mais engajamento e estão correspondendo também no Instagram, que está perto de alcançar 1100 seguidores, marca essa que eu ainda não atingi no momento em que eu estou escrevendo a resposta desta pergunta, e que talvez eu consiga quando este post entrar no ar, visto que eu escrevo com antecedência de um dia.

O futuro do X está cada vez mais imprevisível, bem como a contenda entre seu proprietário, Elon Musk, e o ministro Alexandre de Moraes parece um pouco longe de acabar. Se sabe que ainda tem brasileiros usando a rede, através de VPN ou estando fora do Brasil, afinal, o que foi proibido foi o acesso do X no Brasil, e não o seu uso por brasileiros, que lá continuam, certamente com saudade das discussões que tinham lugar por lá e da diversidade de opiniões que pode até incomodar muita gente que ainda está lá e esperava ter mais espaço depois da compra do antigo Twitter, mas como todo mundo sabe, jamais terá a graça de uma praça movimentada, que os usuários que ajudaram o Twitter a chegar onde chegou, apesar de Elon Musk, estão reconstruindo em outros lugares.