Eu sou uma pessoa bem reflexiva quando eu quero conversar. Eu entendo que as minhas ideias são um pouco fora da caixa e por isso eu mereço um espaço e se não me dão, eu conquisto. Como eu conquistei este espaço. E onde eu posso encontrar um espaço de expressividade em um ambiente muitas vezes hostil como as redes sociais? Talvez no meu espaço próprio eu possa fazer as minhas ideias ecoarem. Ora essa, eu já conquistei o meu espaço, não é? E onde eu posso buscar essa expressividade? Eu quero não somente ser uma fonte de informações se assim vocês quiserem, eu quero ser de certo modo um farol, se eu acredito estar sonhando demais. Mas será que eu estou sonhando demais?
E eu sendo uma pessoa bem reflexiva penso logo: como expressar as suas ideias de uma maneira educada, respeitosa e, sei lá, dizendo com todas as letras: eu não concordo com você, mas eu defendo seu direito de dizer o que quiser, mas eu quero seguir discordando e eu entendo que eu posso contribuir com ideias e soluções, e talvez a gente encontre um ponto de convergência. É sobre isso! Não é sobre uma pessoa ser o centro do universo, é sobre como eu quero ser lembrado nesse conjunto. Disse bem: conjunto. Eu não penso sozinho e nem quero articular ideias sozinho. Eu já trabalhei em equipe e entendo que em uma equipe o que você pensa, soma. E quando suas ideias somam, você descobre a sua capacidade de liderar.
E aí eu penso: será que eu tenho a capacidade de liderar? Será eu que sou pretenso demais em pensar em liderar alguma coisa? Será que alguma vez eu realmente exerci uma posição de liderança? Liderança é uma coisa que se conquista com naturalidade, não é uma coisa que te empurram goela abaixo. Para ser líder, você tem que pensar como líder e entender, antes de qualquer coisa, que quando você se propõe a liderar, você tem que entender que as pessoas que você lidera tem cada um uma cabeça, uma crença, uma linha de pensamento, que muitas vezes você não concorda, mas precisa respeitar para viver em harmonia em sociedade.
Expressividade é uma coisa que poucos entendem e muitos não sabem o que é. Porque estamos acostumados a entender os pensamentos que temos e defendê-los como se defende o seu time de futebol, mas a vida não é e nem deveria ser feita de polarização nem de rivalidade, isso é outra coisa que nasce nessa batalha em sociedade que a gente acredita que vive, mas a gente não entende ainda que as batalhas que a gente enfrenta são contra inimigos sem forma, que não vemos com os nossos próprios olhos. Talvez a gente entenda que estamos todos lutando pelos mesmos ideais mesmo que pensemos com cabeças diferentes.
Afinal, não é sobre a forma como a gente pensa, é a forma como a gente se articula em busca da expressividade. Talvez falte um pouco disso na nossa saudável convivência com o diferente, o debate de pensamentos, chegar a uma boa conversa em busca daquilo que a gente quer. Será isso tão difícil? A gente coloca as ideias na mesa e procura sempre um ponto em comum em todas elas, para chegarmos em um consenso. A nossa noção de sociedade passa um pouco sobre isso: sobre como os nossos pensamentos podem se transformar em um ideal, e eu não gostaria que isso fosse tão difícil de entender.
Talvez um dia eu vá entender tudo isso de verdade, se eu ainda não entendi ao longo das minhas experiências de equipe. Mas quando a gente está aqui, conversando sobre a maneira que a gente pensa e entende que tem coisas que a gente concorda e discorda, entende que é na diversidade das ideias que está a essência daquilo que a gente chama pelo nome de sociedade. E quando a gente encontra um espaço para poder soltar tudo aquilo que está dentro de nós, isso é o que nos faz sentir úteis nessa sociedade, do nosso modo, da maneira como as pessoas nos entendem, e da maneira como a gente se conhece. Afinal, eu sou assim, e é assim que eu quero continuar sendo.
