Sabe quando uma semana é suficiente para datar tudo aquilo que você escreveu sobre parte de um assunto que você escreveu no site? Foi quando eu fiz o levantamento das redes sociais alternativas após os 40 dias do bloqueio do X no Brasil e seu posterior desbloqueio, no #ContentTalks da semana passada. E entre voltas e reviravoltas, o que eu tinha falado sobre o Bluesky? Que eu não estava conseguindo reter o público mesmo que algumas pessoas estivessem curtindo ou compartilhando o conteúdo que eu postava nessa rede social. Que eu não tive um aumento de seguidores ali como tive no Threads durante o período de bloqueio. Pois bem, depois de mais uma peripécia de Elon Musk, dessa vez a nível mundial, parece que o jogo virou, não é mesmo?
Tudo o que eu disse que não aconteceu na semana passada aconteceu depois da segunda-feira. E se eu poderia esperar meses para levantar o Bluesky, fui pego de surpresa com as mais novas do X, que estabeleceu novas políticas que desagradaram vários usuários, em especial os que trabalham com arte, como este que vos escreve. A comunidade de artes visuais é contra o uso de inteligência artificial generativa primeiro, por que está longe de tudo o que se entende por arte, e segundo, porque muito do que a IA generativa usa é extraído de imagens da Internet que muitas vezes podem ser o de suas próprias artes, onde eles tem trabalho de conceber e executar, coisa que leva dias, horas, e que as ferramentas de IA simplesmente pegam sem nenhuma licença.
Esse é um dos pontos. O de não permitir que o conteúdo que foi postado pelos usuários seja utilizado para alimentar inteligência artificial. Por mais que o X tenha uma ferramenta nas configurações que dá esse consentimento ou não, o usuário automaticamente desconfia. Foi do mesmo jeito quando a Meta fez o mesmo anúncio, o que fez a comunidade artística reagir do mesmo jeito, provocando o crescimento do Cara, uma rede social voltada para artistas visuais, onde o conteúdo alimentado não é utilizado para alimentar inteligência artificial justamente pelo fato das imagens lá postadas já estarem protegidas. Isso explica porque o Threads foi desconsiderado nesse novo êxodo do X.
Mas tá, e onde entramos com o Bluesky? Embora não esteja muito clara a questão de como a rede social lida com inteligência artificial, o êxodo foi forte. Mas vamos agora para um nível mais geral: os usuários gerais também reclamam da nova política de bloqueio de usuários no X: a rede passa a exibir para quem bloqueou o conteúdo do usuário bloqueado, de modo que um não pode interagir com o outro e o usuário que bloqueou pode saber o que o bloqueado estaria falando dele. Meio que para semear a discórdia. Ainda que essa regra vá contra as políticas das lojas de aplicativos, o X implementou assim mesmo, provocando insatisfação dos usuários.
E entre voltas e reviravoltas, eu senti esse êxodo do Bluesky: várias pessoas que não tinham me acompanhado naquela primeira onda, quando tinha acontecido o bloqueio do X no Brasil, acompanharam em peso nessa segunda onda, e, em poucos dias, enfim eu consegui passar da barreira dos três dígitos em seguidores, até porque o crescimento de uma rede social nova é mais lento, ainda mais quando essa rede social é independente: nem conto o Threads pelo fato da rede ser atrelada ao Instagram, então era esperado um crescimento mais robusto. Até o fechamento deste post, atualmente são 111 os seguidores que eu tenho no Bluesky, a maioria “herdada” do X.
O maior incentivo para as novas redes sociais é cada peripécia que o dono do X inventa. A cada vez que ele inventa alguma coisa, acontece um novo êxodo de usuários. E pelo visto, o Bluesky começa a criar uma solidez que muita gente até duvidou que fosse acontecer, mas aconteceu sem precisar de tanto esforço, que aliás, é o que a rede vai precisar. Até onde isso vai, não se sabe, mas que é um caminho sem volta, isso é. Entre voltas e reviravoltas, o que antes poderia não ser tão promissor assim, de uma hora para outra pode mostrar que o jogo pode virar a seu favor ou não. E bem, sempre vai ter a espera da próxima peripécia, porque ela vai acontecer mais cedo ou mais tarde, e dos próximos movimentos.