Eu tinha um velho cobertor vermelho que eu ganhei da minha madrinha, adquirido numa viagem que ela fez em Fortaleza. Era um dos vários cobertores feitos lá que ela enviou para cá. Três deles, idênticos, ainda existem e estão comigo. Mas aquele velho cobertor vermelho, ele era único e eu gostava dele.
E era o menor dos cobertores, tanto que mal me cobria pelo meu tamanho. E eu sempre dormia ao lado daquele cobertor vermelho, mesmo que eu o lavasse toda semana, mesmo que ele se desgastasse, era algo que eu não queria ter que me desapegar. E foram longos anos assim. Mesmo ele tendo descosturado.
Foi justamente por isso que eu tive que me desfazer do cobertor. Porque ele desgastou, descosturou, abriu e se partiu ao meio. Apesar do apego que eu tinha por aquele pedaço de pano de algodão, uma hora isso ia acontecer de tanto que eu me apeguei a aquele velho cobertor vermelho.
Hoje eu durmo sem aquele velho cobertor vermelho. Nunca haverá outro como aquele, mas a gente não sabe o futuro, nem o que vai ganhar de presente, não é? O tempo o desgastou, ele não existe mais, hoje são apenas lembranças das coisas que eu fiz e vivi na minha juventude. Tempos esses que não voltam mais.
Este é um tema proposto pelo Bloganuary, um desafio organizado pelo WordPress.com todo mês de janeiro com o objetivo de estimular o hábito da escrita diária, com um prompt diferente para cada dia do mês.