A rua onde você mora foi a primeira tela das suas artes. Como era morar numa rua sem pavimentação, coisa que ainda é realidade para muita gente?
Pergunta feita por este editor
A rua onde eu moro foi a primeira tela das minhas artes. Uma tela de terra batida, uma tela onde eu não tinha medo de colocar as mãos para fazer arte. Elas podiam rachar, calejar, mas são essas mesmas mãos que anos depois estão digitando este texto aqui para contar essa história para vocês. Só que essa tela de terra batida era a rua da minha casa, uma rua que não era calçada até o final de 1999, quando enfim pode receber a tão esperada melhoria, e lá se vão 25 anos que isso aconteceu. Mas eu ainda me lembro de como as coisas eram antes do calçamento chegar, e olha que a gente nem poderia imaginar, afinal, iria uma rua considerada estreita receber pavimentação em paralelepípedo? E a resposta era sim. Uma hora isso iria acontecer e aconteceu.
A rua iria ficar estreita de todo jeito, afinal, ela poderia parecer ser mais larga que as outras uma vez que o barro se confundia com os limites das calçadas que só foram estabelecidas no calçamento da rua, mas isso é uma outra história. A rua inicialmente era uma vila, a qual precisou ser aberta do outro lado para ser conhecida como tal, ter seu nome, CEP e tudo o que mais uma rua merecia, menos uma coisa, e essa demorou até demais: a pavimentação. Mas a gente nunca perdia a esperança, e enquanto isso ainda não acontecia, eu descobria a terra batida da rua. Era um lugar legal de brincar para uma criança com seus cinco, seis anos de idade.
Desenhava de tudo ali. Com a ponta dos dedos, esses mesmos dedos que hoje tornam os textos que você lê aqui possíveis. E eram desenhos que não iriam ficar por muito tempo na rua, afinal, podia fazer qualquer coisa e apagar, qualquer coisa e apagar, ou até mesmo as rodas dos carros que passavam faziam isso. E olha que a rua que eu morava tinha ainda valas de lama expostas, mas isso na segunda metade. Como as casas do meu lado já tinham fossas de esgoto estabelecidas, era uma área onde as valas de lama não apareciam tanto quanto do outro lado. E nem todo mundo tinha fossa nas casas. Quem sabe pavimentar a rua poderia ajudar a resolver isso?
Nem todas as casas da rua tinham muro. Algumas eram cercadas com paus e arames, outras era da porta da sala para a rua mesmo, no melhor estilo cidade do interior, e olha que eu falo sobre uma capital de estado, de um bairro que fica a quatro quilômetros do Centro da cidade, no final do século XX. E praticamente todas as casas da rua não tinham uma calçada, afinal, onde ficava o limite da rua para se construir uma? Alguns até se arriscavam a fazer: a minha casa até que tinha uma calçada pequena, mas quando a rua foi pavimentada, ainda ficou espaço por fazer, e daí surgiu a necessidade de se construir uma calçada definitiva.
Afora que aos poucos, as casas começaram a mudar: saíam as casas de taipa, entravam as casas de tijolos, com muros definidos, e uma calçada bem definida ainda que não se soubesse onde era o limite do meio-fio. E enfim, veio a pavimentação no final de 1999. O perfil da rua começava a mudar, e depois que a pavimentação foi concluída, essa transformação começou a ficar mais acelerada. Eu perdia a primeira tela das minhas artes, mas eu estava crescendo, e logo, outras oportunidades melhores iriam surgir para mim. Foi quando passei a trabalhar com papéis, colagens, artesanato, e enfim, os meios eletrônicos, ao ponto de hoje estar aqui, contando essa história para vocês em um site próprio.
Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.
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