A pavimentação da sua rua, há 25 anos, foi o divisor de águas de muita coisa na sua vida em comunidade e até mesmo no seu estilo de arte?
Pergunta feita por este editor
Eu acredito no princípio de uma cidade dinâmica, que se molda pelas suas necessidades e faz com que a administração municipal se adapte a elas, na certeza de que ao longo do tempo, nossas necessidades de trabalho e estudo mudam por um conjunto de fatores, e não faz sentido manter coisas que já não funcionam mais só porque em outras épocas, já funcionaram um dia. Foi assim com a minha rua, em um resumo básico do que é esse conceito de cidade dinâmica, que tem gente – e até mesmo muito candidato nessas eleições – que ainda não acredita. Basta a infraestrutura da rua melhorar para que as coisas melhorem, e a chegada da pavimentação é um divisor de águas para qualquer rua de qualquer cidade. E na minha rua não foi diferente.
Seguindo a lógica que existe na dinâmica de crescimento de uma cidade, é que quando a cidade cresce, as melhorias aparecem. Muitas vezes essas melhorias aparecem do nada, muitas vezes por reivindicações da população, e quando se está praticamente no meio da cidade, sabe que uma hora pavimentar uma rua de barro se faz mais do que necessária. Foi assim que em 1999 vi várias estacas espalhadas no meio da rua. O que seria aquilo? O que iria mudar? A imaginação de um menino de onze anos não poderia fazer ideia que aquelas estacas seriam os marcos de uma mudança que precisava acontecer de uma maneira ou de outra. Já até poderia desconfiar de que seria mesmo a pavimentação da rua, mas como muita gente, imaginei ser um sonho distante.
Mas quando as máquinas chegaram para remover a poeira que outrora foi a tela das minhas artes, me dei conta de que aquilo iria enfim se tornar uma realidade: a minha rua estava começando a ser pavimentada. Uma motoniveladora desenhava o leito da rua, duas retroescavadeiras retiravam a terra da rua, carregando várias caçambas. Aquelas valas de lama já não existiam mais. Depois de tudo isso, o trabalho começou da esquina de baixo até chegar na frente de casa, já na esquina de cima. O trabalho levou pelo menos uns 40 dias para ficar pronto. Atravessou Natal e Ano Novo. E foi assim que abrimos o ano 2000 em uma rua completamente nova. A partir dali, as coisas começaram a mudar na rua. E na minha vida também: eu já não tinha mais o barro da rua como tela das minhas artes, mas uma nova fase começaria a partir daquele momento e me levaria até onde estou agora.
Foi assim que eu passei a morar em uma rua pavimentada, sem me mudar da minha rua. Era hora de começar uma nova etapa, era hora da necessária reinvenção, porque aquilo não seria para sempre e era necessário em nome da melhoria das condições da rua em todos os aspectos. E daí em diante, muita coisa aconteceu, muita coisa mudou, passei a fazer artes usando papel e colagens, e tudo aquilo que a minha imaginação me permitia fazer na rua, comecei a fazer com lápis, canetas e cola em folhas de papel. Os vizinhos começaram a melhorar as suas casas, melhorar de vida, e assim pudemos acompanhar como as coisas mudaram para tanta gente diante de seus olhos. A pavimentação da rua foi um marco para transformações que não iriam terminar com a conclusão das obras. Na verdade, as transformações da comunidade estavam apenas começando.
Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.
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