Eu poderia dizer para vocês: nem lembrem que eu vou completar trinta e sete anos na quarta-feira. Sim, você não leu errado: 37 anos. Eu não sou jovem de idade. Nunca quis esconder a minha idade, na verdade. Não sou disso, afinal, esconder a idade não nos faz mais ou menos jovens, não nos faz mais ou menos velhos. Nem sei qual é a graça…
Nunca me senti velho. Apenas olho para trás e lembro das coisas que eu poderia ter feito quando era jovem. De outras que eu perdi. E sei lá quantas tantas coisas que eu poderia fazer e não fiz. Mas é assim mesmo, todo mundo quando fica mais velho de idade sempre reflete sobre tudo aquilo que não fez lá atrás. Não que comigo fosse diferente.
Já vim em um mundo em transformação. Um mundo que começava a sair da Guerra Fria. Um Brasil que estava a dez dias de ganhar uma nova Constituição. Hoje parece que eu estou vendo esse mundo que acontecia como nasci, até Vale Tudo está passando na televisão. Será que o tempo voltou, e se voltou, será que eu consigo fazer tudo aquilo que eu acreditava que eu perdi?
Os tempos são outros, por mais que pareçam 1988, por mais que pareçam 2025. Eles só se parecem. Ou nem se parecem tanto quanto eu acredito que possam parecer. E bem, faz parte da minha trajetória, como uma corrida que dá muitas voltas. De repente, me vejo com trinta e sete anos na quarta-feira. Mas será o tempo tão implacável assim? Ele apenas passa, só isso.
Mas é isso, é o tempo, que se há de fazer, não é? Ele é implacável, e cá estou eu mais uma vez nessas voltas que o tempo dá. De repente, trinta e sete, logo, quarenta. É o tempo passando, e tá tudo bem, ele está fazendo apenas o seu papel, e a nós, cabe aceitar, afinal, faz parte da natureza. E assim eu começo um novo ciclo na certeza de que quanto mais o tempo passa, mais entendo o papel do tempo.