Ontem de manhã, meu sobrinho me aborda com um lápis e um papel. E me pediu para desenhar para ele meio mundo de coisas.
– Titio, faz um trem?
– Titio, faz um carro?
– Titio, faz o carro do lixo?
– Titio, faz um ônibus?
– Titio, faz um caminhão?
– Titio, faz o carro do papai?
– Titio, faz uma moto?
– Titio, faz uma bicicleta?
– Titio, faz um caminhão (outro)?
– Titio, faz um ônibus (outro)?
– Titio, faz o W?
– Titio, faz o S?
– Titio, faz o L?
– Titio, faz o V?
– Titio, faz o Y?
– Titio, faz o U?
– Titio, faz o M?
– Titio, faz o N?
– Titio, faz o I?
– Titio, faz o Z?
– Titio, faz o A?
– Titio, faz o T?
– Titio, faz um rádio?
O meu sobrinho ainda pediu para desenhar coisas que não podem ser vistas, existem e são abstratas. Em umas coisas eu desenhei bolinhas, em outras, um ponto de interrogação (?).
Ele perguntava o que eram as bolinhas. Eu respondia que o barulho de um caminhão eu não podia desenhar. Era uma coisa difícil de fazer. Existe mas ninguém vê.
Em outras, fiz um ponto de interrogação. Ele perguntou o que era aquilo. Respondi que o que eu disse era algo que não entendi, algo que procuro até hoje a resposta (o que não sei responder a ele). E representei com pontos de interrogação.
E o resultado da brincadeirinha de desenhar com o sobrinho foi esse aí. Fui eu quem fiz tudo o que ele pediu. Mesmo que tivesse saído assim, nada harmônico. Mas ele entende tudo pela forma das coisas, mesmo que por linhas bem tortas.
São momentos assim que você pensar que nos momentos mais simples também podem estar grandes alegrias.
O que torna seu dia diferente diante de tantos aparentemente iguais. O que faz valer o seu dia.