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O Viaduto do Cristo dá exemplos práticos de como tornar linhas “mancas”

Se existe uma intervenção que definitivamente não levou o transporte público em conta, essa intervenção é o Viaduto do Cristo.
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Você deve estar procurando um exemplo de como um viário ruim é um dos fatores determinantes para um sistema igualmente ruim. E aqui está um exemplo prático disso: o Viaduto Cristo Redentor, onde começa a Hilton Souto Maior e a que efetivamente a liga ao bairro do Cristo. Esse trecho é um dos de maior movimento da cidade, mas ao longo de quase 20 anos nunca foi levado a sério com intervenções que na realidade eram verdadeiras gambiarras, e tornando o próprio equipamento uma grande gambiarra urbana. E isso começa da implantação do próprio viaduto sem considerar de que maneira quem sai da cidade acessa de maneira lógica a BR-230.

O que se vê hoje é um viaduto com cruzamentos bizarros, retornos que são feitos longe de onde deveriam, e a perspectiva de crescimento provocada pela implantação de equipamentos como Super Fácil e Havan, que sabendo do quão complicado esse trecho é, investiram em contrapartidas para ajustar o trânsito. Mas o problema ainda persiste quando não se são feitas intervenções decentes no Viaduto Cristo Redentor, como alças de acesso à BR-230 – e não adianta dizer que não tem espaço porque tem como fazer isso. Repare se você vê algo parecido no Eduardo Campos, construído num formato aceitável, ou no Ivan Bichara, mesmo formato.

E isso também afetou sobremaneira itinerários de ônibus. Se hoje a antiga linha 201 ainda estivesse rodando, teria que fazer um arrodeio enorme até a AeC, passar pela Benício de Oliveira Lima ou Hilton Souto Maior – além de tentar passar pelos congestionamentos comuns dessas vias, e só aí ir para o Unipê. E isso antes tendo feito um retorno na altura da Ranieri Mazzili. Se você hoje contasse com essa linha para ir ao Unipê achando que chega no horário, chegaria atrasado, bem atrasado. Isso porque os ônibus não podem usar os retornos que existem, só os giradores, e exatamente um, o que cruza a Agostinho Fonseca Neto, foi eliminado. Várias linhas foram modificadas nessa intervenção e passaram a fazer retorno no girador da AeC.

É exatamente esse o problema, por exemplo, da atual linha 502, que tem que passar pela Hilton Souto Maior e retornar até a AeC para daí voltar e pegar o seu itinerário “normal”, sim, entre aspas, porque essa linha faz vários arrodeios para sair do Geisel para a Epitácio – alguns desnecessários -, sendo uma linha “manca”, que precisa arrodear para cumprir o que na teoria seria uma função direta, e nem sempre foi assim. As pessoas caem na “cultura do arrodeio” que permeia a cidade, onde você pode arrodear o quanto quiser, perder tempo o quanto quiser dentro de um ônibus, porque “é uma linha direta”. e acham que isso é opção. Não é. A linha perdeu a sincronia do itinerário, o que faz o passageiro perder tempo arrodeando.

Na intervenção realizada no Geisel, com a construção do viaduto, várias linhas foram modificadas com itinerários objetivos e retornos efetivamente eficientes, reduzindo consideravelmente o tempo que era perdido devido ao tempo que os ônibus perdiam tentando fazer os antigos retornos. Em Oitizeiro a mesma coisa. Mas no José Américo, é preciso arrodear, arrodear e arrodear, principalmente se a linha vem ou vai para a Epitácio Pessoa. E assim tem sido em todas as intervenções feitas no entorno do Viaduto do Cristo, onde a dinâmica de várias linhas foi quebrada e algumas ficaram absolutamente inutilizáveis, só rodando e só tendo passageiros por ser muitas vezes a única opção – por falta de criatividade das autoridades para se propor soluções novas – de vários bairros.

Quando a gente diz que o passageiro quer um itinerário objetivo e chegar logo até o seu ponto de interesse, sem passar pelo transtorno dos arrodeios e congestionamentos, esse é um exemplo transparente de como não adianta só investir em ônibus novo para se colocar em linhas que fiquem “mancas” por causa de intervenções no trânsito onde o transporte público é colocado em último lugar.


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