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Não existe solução olhando para o passado

Existe solução para o transporte público de João Pessoa que não passe por somente manter as coisas como estão ou voltando para o passado? Como o sistema pode se adaptar a atual dinâmica de estudos e ...
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Existe solução para o transporte público de João Pessoa que não passe por somente manter as coisas como estão ou voltando para o passado? Como o sistema pode se adaptar a atual dinâmica de estudos e trabalho dos habitantes da cidade?

Pergunta feita por este editor

Sim e ela é profunda. Se alguém disser que o problema do transporte público de João Pessoa se soluciona simplesmente trocando a frota, reativando linhas que foram extintas ou reforçando as que já existem, tão e somente isso, esse alguém está te iludindo, porque não resolve o problema, piora o que já está ruim. Porque perpetua a cultura do arrodeio. Porque as linhas que foram extintas já não eram eficientes. Porque as linhas que continuam rodando já não são mais eficientes. Porque insistir em linha circular é condenar o passageiro a ficar enfurnado dentro de um veículo rodando a cidade toda para ir a locais que ficam próximos dele. Porque a lotação e os atrasos não vão mudar.

A dinâmica da cidade mudou, e a estrutura das linhas permanece a mesma da década de 1970. Porque manter esse sistema defasado? Porque manter o esquema de um sistema pensado para uma cidade de quase 80 mil habitantes para uma cidade de quase 1 milhão de habitantes? Porque manter essa cultura do arrodeio que nos penaliza e prejudica, e passa a impressão para o passageiro que isso está ótimo para ele? Porque é algo abstrato, diferente das condições do ônibus que todo mundo vê. Diferente do número da linha no letreiro que pouco importa para quem gere o sistema se é ineficiente ou não.

Acreditar que a solução está em manter a cultura do arrodeio é justamente arrodear. Andar em círculos, e inventar meio mundo de coisas. Falo isso de experiências de quando eu ia e vinha do Lyceu de 2007 até 2009. Da faculdade de 2010 até 2013. Sempre presenciei situações de ônibus lotados, linhas que eu evitava pegar, problemas que não são de hoje mas querem fazer parecer que começaram ontem, contando com a nossa habitual falta de memória e muitas vezes saudosismo das coisas que a gente nunca viveu. Arrudear é uma coisa que os políticos, sejam eles de que vertente política forem, gostam de fazer com o pessoense. E ainda acham o máximo.

O que que custa fazer uma pesquisa aprofundada de origem e destino, ouvindo uma amostra significativa dos passageiros para entenderem onde eles vão e porque demoram tanto a chegar ao trabalho ou estudo? O que que custa construir terminais de ônibus em pontos-chave da cidade? Criar linhas alimentadoras que levem os passageiros de forma direta e em menos tempo do que se ele pegasse um circular degradante? A solução passa por aí, qualquer coisa que não passe por isso, é remendo e gambiarra. E como gostam de remendos e gambiarras para tentar manter um sistema atrasado vivo.

A solução não está em remendos e gambiarras que perpetuam o que existe há 50 anos como se o problema estivesse só nos ônibus e o esquema de linhas e corredores atual seja lindo e maravilhoso, que não precisa ser tocado. Está em reestruturar o sistema de verdade, não fazendo a gente acreditar que o problema está só no veículo ônibus. Tá nessa estrutura atrasada de linhas e corredores, sim! Não vai ser trocando de empresa que isso se resolve em um passe de mágica, enquanto existir esse esquema de linhas e corredores, tudo o que tentarem fazer sem implodir a cultura do arrodeio vai dar errado.

O Conhecendo Você desta semana foi histórico e essencial para que você, que mora em João Pessoa, entenda com mais profundidade o transporte público da cidade e sobre o que a gente precisa estar realmente conversando. Dos atrasos e da lotação, da idade média da frota, do preço da passagem, mas entendendo que essa é a parte que todo mundo vê do problema. Mas tá na hora de rediscutir a linha que você pega. Porque não pode ser normal existir bairros vizinhos que não possuem conexão por transporte coletivo, como Bancários e José Américo, Cristo e Cruz das Armas. Não pode ser normal depender de circular para sair do Cristo ou Cruz das Armas e ir para a UFPB atravessando quase a cidade toda.

É sobre a dinâmica das linhas e corredores que deveríamos estar discutindo. Sobre porque rodamos tanto e porque queremos rodar tanto quando é possível ficar menos tempo se deslocando. Afinal, a cidade é pequena perto de outras capitais. Mas não estamos discutindo sobre isso. Porque quando a gente não discute sobre isso, a gente não entende justamente a raiz do problema, e acredita que essa raiz precisa ser preservada quando ela é a base de todos os problemas. Se a gente não discute sobre a estrutura do sistema, a gente vai continuar arrodeando, arrodeando, arrodeando, e chegando em lugar nenhum.

Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.

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