Minha arte na avenida

Para entender a história, ou melhor, as histórias que eu vou contar para vocês ao longo desta semana, vamos voltar 21 anos no tempo. Parece muito tempo para quem acreditava que ontem mesmo terminou o fundamental, mas depois foi para o Ensino Médio, fez faculdade de Publicidade e Propaganda e se formou, e no meio de tudo isso, ainda criou um blog, escreveu quase todos os dias e hoje tem um site com quase 7800 textos. Mas este editor que vos escreve pode dizer que fez história nos desfiles de quando estudou numa escola municipal do bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa, entre 2003 e 2006. A quem interessar possa, é a Escola Municipal Santa Ângela.

Eu até já falei sobre isso: eu sou residente no bairro do Rangel, mas minha vida escolar quase toda foi no Cristo Redentor, meu local de votação é no Cristo Redentor, fora outras coisas que o bairro vizinho a menos de cem metros me deu tanto quanto o meu bairro de residência. Não poderia dizer que a minha carreira começou no bairro vizinho porque na semana passada mesmo, eu falei sobre como eu dei os meus primeiros passos na arte no barro da minha rua. Mas se tem uma coisa que o bairro vizinho me proporcionou, foi consolidar aquilo que eu já sabia fazer. E evoluir nas artes e colagens que eu já fazia desde que a rua foi pavimentada e eu não tinha mais a terra para desenhar.

Os professores e a diretora da escola já sabiam das artes que eu fazia. E tudo começou no primeiro ano em que eu estudei na escola municipal – por sinal, a primeira vez na minha vida que eu estudei em escola pública e assim seria até o fim da minha vida escolar, visto eu ter me transferido para o Lyceu Paraibano – em 2003, justamente quando uma professora de Ciências me sugeriu fazer umas artes para que eu apresentasse no desfile de 7 de setembro do bairro, quando havia desfile cívico no bairro – há anos não acontecem desfiles cívicos no Cristo e Rangel; hoje os desfiles cívicos mais próximos da área são feitos do outro lado da BR, no José Américo. Voltando para 2003, sim, eu nem sabia que a escola estava se preparando para o desfile.

Mas já que eu estava sabendo, nem me passou pela cabeça que eu iria participar do desfile cívico. Já que eu iria participar do desfile, eu iria desde que com o fardamento da escola, que nada mais era que o fardamento padrão da Prefeitura Municipal de João Pessoa, com o logotipo da gestão da época. Não peguei a época do fardamento que tinha um coração enorme na frente da camisa, já tinham mudado para um onde o logotipo era discreto e no peito. A camisa que eu tinha eu recebi semanas depois de iniciar as aulas, mas ocasiões especiais merecem camisas melhores: me deram outra camisa igual, da reserva que sempre tem.

Foi assim que eu participei do meu primeiro desfile cívico do bairro, com uma muda de pau-brasil que à essa altura já deve ser uma árvore. A escola apresentou foi sobre a importância da reciclagem e do meio ambiente. Foi nesse desfile cívico onde eu apresentei três obras, entre elas a minha maior ousadia artística até aqui, apresentada ao público presente na época por duas meninas, com todo o destaque que aquilo merecia. Nem precisa dizer que deu trabalho fazer essa obra. Mas a história dessa obra, que eu até já contei em outras ocasiões aqui no site, eu vou contar no próximo capítulo das minhas histórias de 7 de setembro.