Eu consigo me lembrar de tudo?

Se tem uma coisa que eu não me lembrei, foi de ter catado esse post para escrever em uma segunda-feira. Comecei parte dele nessa semana. E só depois eu me dei conta de que o post era para hoje, 4 de maio, então eu parei e pensei: vou deixar tudo o que eu comecei aqui e partir para o post daquele dia. No meio de todo o raciocínio que eu desenvolvi no dia de hoje, está o que eu escrevi naquele dia. Então eu vou agregar com o que eu escrevi naquele dia, afinal, eu jamais iria me lembrar do que eu escrevi se não tivesse escrito naquele dia. E se este post estivesse em branco, o texto que vocÊ leria seria completamente diferente.

Ok, ter começado o post antes do tempo não foi um lapso de memória qualquer. Foi um lapso de memória de uma semana caótica, onde eu passei três noites não consecutivas sem dormir direito e em duas delas, tive uma forte crise de ansiedade. E desde então, passei a me preocupar comigo mesmo, para evitar que dias assim se repetissem, e me mantenho na firmeza de que essas coisas não irão se repetir, mesmo que nessa semana eu tenha passado por três crises de ansiedade. Se tem uma coisa que as crises de ansiedade comprometem é a minha capacidade de memória. Mas com ou sem crise de ansiedade, eu consigo me lembrar de tudo?

Sim. Eu consigo me lembrar, se não de tudo, de muitas coisas que as pessoas muitas vezes esquecem. Toda ideia é fruto de uma construção que muitas vezes as pessoas lembram de cada passo, e muitas vezes, das surpresas e insights que surgem em cima do laço e que de tão extraordinárias, não podem simplesmente ficar para depois. Ou eu aproveito a ideia que eu tive, ou a perco e não sei mais onde encontrar. Talvez um dos aspectos da minha ansiedade é tentar guardar as minhas ideias e não saber exatamente onde. E eu sou daqueles que valoriza cada passo na construção de uma ideia, afinal, você consegue solucionar os problemas com a maior tranquilidade.

Sabe aquela máxima de que as pessoas só valorizam algo quando elas perdem? Faço questão muitas vezes de lembrar para as pessoas de coisas que antes elas ignoravam, desprezavam, e queriam ver longe. E ok, o que você não quer ver mais é algo que lá na frente você sente saudade. Daí surge aquela agonia da perda, como se fosse necessário perder para valorizar. E tudo aquilo que elas fizeram para chegar até esse ponto é lembrado, para justamente as pessoas entenderem isso: o que vivemos, o que sonhamos, o que presenciamos é uma coisa que para que ela se mantenha viva, ela precise se manter valorizada.

E bem, eu me lembrei de cada palavra que eu comecei a anotar no começo da semana e termino de escrever agora, neste texto que agora você lê e fica na memória. Ou pelo menos, na Internet. Talvez eu vá esquecer, afinal, como eu vou me lembrar de quase 8700 textos que eu escrevi? Tem coisas que eu escrevo e já nem me lembro mais. A graça da vida talvez seja essa: você lança as suas ideias ao vento, e nem imagina onde elas podem voar. Mas elas voam, porque você assim quis, para que, mesmo que você um dia se esqueça de tudo aquilo, você se lembre no momento certo. E elas estão aqui, nesse acervo virtual em forma de bits e megabytes que formam este site.