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Desconfiança na memória?

O que eu tenho visto em algumas campanhas eleitorais é que quem as faz esquece que o eleitor tem memória e lembra do que os candidatos fizeram no verão passado.
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Falar de aspectos de campanhas eleitorais é uma coisa #ContentTalks. Não é algo muito técnico para se tratar numa quinta-feira, mas eu quero fazer uma resenha rápida sobre o que é a minha praia e no que eu me formei. Você deve saber que uma estratégia malfeita pode colocar qualquer trabalho a perder, e em marketing político não é diferente. E olha que eu ando vendo cada coisa que eu fico me perguntando se os profissionais responsáveis pelas campanhas dos candidatos a prefeito realmente estão “lendo a mente” da população, porque algumas coisas desandam desde o início, como uma desconfiança na memória de longo prazo por parte do marketing. Não são coisas que eu queria falar da forma mais leiga possível para quem não está entendendo nada, mas eu vou tentar ajudar vocês.

Primeira coisa: a cidade tem memória e sabe quem fez algo que não agradou e quem não fez, sabe quem fez algo que fez a diferença para aquela comunidade e quem não fez. O que aparenta estar acontecendo é que o marketing político não tem essa leitura da questão da memória e da informação que os eleitores fazem quando escolhem ou rejeitam um candidato. Tem quem atribua uma decisão tomada por si mesmo ao seu concorrente e a prometa desfazer, sem que ninguém fique sabendo o contexto das coisas. Afinal, todo mundo tem uma sombra do que fez no verão passado, e pelo visto, o marketing não parece confiar muito na memória: joga como acreditam que o eleitor vai receber bem.

É como aquele meme da bicicleta em que o ciclista coloca um galho na roda para provocar a sua queda, e não reconhece que essa foi a consequência determinante para a sua queda. Trouxe até esse meme para cá para vocês entenderem melhor o que eu quero dizer, em uma adaptação sobre como as pessoas provocam os erros e acreditam que têm as soluções, pois não foram essas pessoas que erraram. Mas erros não se cometem sozinhos, e não se cometem do dia para a noite. Essas pessoas apresentam soluções para problemas que elas mesmas ajudaram a criar, acreditando que você não vai se lembrar da contribuição delas. Como eu gosto de dizer, as soluções não estão nas pessoas que foram parte dos problemas. Está em quem os vivencia.

Somos um pouco esse ciclista: tentamos buscar soluções sabendo que erramos.

E a memória de longo prazo é um fator que eu levo bastante em conta: o que você fez lá atrás que justifique a posição que você tem hoje? Você tem propriedade para falar ou está falando só para agradar o eleitor e fazer com que a gente esqueça que o que você critica é algo que você ou algum aliado seu está fazendo? O eleitor também observa além da sua própria cidade. Você acredita que realmente o eleitor não vai pesquisar para saber sobre o que você fez no passado? Sobre as suas alianças, se elas te qualificam a ter essas posições? Será que você fez o que hoje você está reclamando que não foi feito nos anos anteriores? Porque eu vou me lembrar do que você não fez. Hoje em dia, tudo está mais fácil de rebater e uma promessa e uma crítica malfeita podem cair por terra em segundos.

Estratégias de marketing político são incríveis, tive uma cadeira inteira na faculdade sobre isso, aprendi muita coisa e tive um desempenho ótimo. Mas vendo pelo outro lado, o lado de quem está consumindo campanhas em vez de fazer campanhas, o eleitor as derruba rápido se você não souber convencer bem. E não é isso que eu tenho visto. Subestimar a memória de longo prazo do eleitor é uma estratégia que eu poderia chamar de kamikaze, e campanha que insistir nesse tipo de estratégia, que não confia naquilo que o eleitor se lembra do que foi feito há 10, 20, 30 anos atrás, e não só nos últimos quatro anos como se esse julgamento não fosse apenas de quem está na situação, mas de todos os que se prontificaram a querer gerir uma cidade, vai se dar mal no final das contas.

E conhecendo bem do assunto, eu volto aqui para falar e vocês entenderão o que eu disse. E de resto, posso tratar no #ContentTalks.

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