Imagine que você é um editor de site independente. Um blogueiro de notícias, como tantos no Brasil. No interior, você é sempre o jornalista mais requisitado e sabe de muitas coisas da política da sua cidade. O seu blog é como o rádio que a sua cidade não pode ter, afinal, você recebe as notícias da rádio da cidade mais próxima, e na televisão, as notícias da capital ou de uma cidade maior. Você é uma das poucas, senão a única fonte de notícias do seu lugar, e sim, o interior está cada vez mais conectado, e cada vez mais a necessidade por informação cresce onde você mora. E você atende essa demanda, contrata alguém para fazer um site, recebe toda a instrução, escreve, pesquisa, coloca as notícias no ar. Mas como distribuir as notícias?
Eu atendi várias dessas demandas e me impressionei com a capacidade de que os blogs e sites de notícias tem esse potencial de atingir cidades menores, o que derruba aquela premissa de que o interior não está conectado. Apesar das dificuldades do sinal de celular em muitos locais, esses mesmos locais tem o suporte de provedores pequenos, que levam Internet a residências por preços mais competitivos. E assim, as pessoas vão descobrindo o mundo das redes sociais e a possibilidade de se tornar comunicadores, É assim que um blogueiro trabalha na sua cidade. É assim que surgem vários influenciadores locais que divulgam o comércio das cidades. E juntos, permitem um impulso econômico intenso para aquele lugar.
E essas cidades há tempos atrás passaram por momentos de êxodo, de pessoas que resolveram tentar uma vida melhor na cidade grande. E de certa forma, ela quer saber mais do que as notícias de como está a sua família. Quer saber como anda aquela cidade que deixou, o quanto ela mudou, como está a política da cidade, o quão agitada ela está nas eleições, e por aí vai. As senhoras que fofocavam na janela evoluíram. Hoje trocam mensagens nas suas redes sociais nessa mesma pegada. Eu falando assim sobre uma hipotética possibilidade de crescimento dos comunicadores do interior, parece até uma utopia em algumas cidades do Brasil, mas em outros tantos locais, um mundo conectado já é realidade.
Não é fácil crescer quando se é comunicador independente, seja numa cidade do interior, seja até mesmo na cidade grande. Emplacar notícias pode até ser fácil onde muita gente chama de bolha, mas furar essa bolha é que é difícil. Em alguns lugares, você consegue engajar a sua audiência nas redes sociais, onde está o público mais fiel e realmente interessado no seu produto. Em outros, você pena para conseguir, e vai tentando da maneira que dá. Só que para furar a bolha, você precisa ir além das redes sociais. É aí que você precisa melhorar o seu conteúdo para os mecanismos de busca e todas as possibilidades que eles oferecem de entregar melhor o seu conteúdo.
Os editores independentes muitas vezes entregam mais e melhor do que os grandes editores. Entregam informações em detalhes, sem serem genéricos e superficiais como muitos veículos que muitas vezes trabalham com a notícia no atacado, sem aquele cuidado com os detalhes que precisam ser transmitidos para os leitores. Eles praticamente têm tudo aquilo que os leitores buscam, afinal, você entende que os leitores são exigentes e procuram saber mais informações sobre os assuntos de seu interesse, e você tem tudo o que eles procuram. Mas como distribuir as notícias? As ferramentas de busca precisam colaborar.
Mas o que deveria ser uma coisa fácil nem sempre é mole de se conseguir, ainda mais com o Google Notícias. É complicado para sites que trabalham com nichos, mas ótimo para quem trabalha com notícias no geral. De seis sites preparados para a ferramenta, só dois estão com notícias geradas regularmente na ferramenta por conta de novas regras que o Google aplicou para a ferramenta de notícias, onde ela própria gera os perfis de notícias, em vez de entregar esse controle para os editores, a não ser que eles tenham a sorte e a paciência de esperarem serem inscritos no recurso de Destaques Jornalísticos, que apesar de dar uma leve expandida, ainda é para poucos.
Eu queria que as coisas fossem um pouquinho melhores para os editores com os quais eu mantenho os meus contratos atuais. Eu sempre procuro fazer o melhor para eles, até para justificar o que eles me pagam, e essa é mais do que a minha obrigação. Mas até mesmo eles sabem que a ferramenta muitas vezes não colabora para que eles tenham números melhores do que aqueles que eles esperam. Mas é assim mesmo, este é um trabalho que se constrói com paciência, afinal, a gente nunca sabe qual é o gênio dos mecanismos de busca naquele momento. Uma hora eles nos favorecem. Na outra, uma pernada é suficiente para derrubar. Mas a gente consegue se levantar, mesmo sem saber como, com as forças que a gente tem.