A influência da cidade

O estilo visual e comunicativo que eu adoto precisa vir de algum lugar. E ele realmente vem de algum lugar. O lugar onde eu estou. O lugar onde eu vivo. Porque ele é reflexo daquilo que eu vivencio todos os dias. Das coisas que a gente presencia. Do mundo que a gente vive. É o reflexo de um cotidiano que muitas vezes passa despercebido por muita gente, mas é o cotidiano onde eu vivo. O meu trabalho em artes visuais e comunicação traz um pouco do meu cotidiano, mas traz também o ambiente que eu sonho que o meu ambiente seja. Ele traz o presente que a gente vive, o passado que muitas vezes a gente sente saudade, e o futuro que a gente sonha.

A gente quer retratar de alguma forma o ambiente que a gente vive, e principalmente, o ambiente que a gente sonha. Tudo o que a gente mais quer é que o ambiente onde a gente nasceu seja melhor do que para nós ele é, e do que ele poderia ser. E eu tento retratar o meu cotidiano da melhor maneira possível, mas não apenas o meu cotidiano. Trago uma amostra do futuro que eu espero, o reflexo das coisas que eu sonho. Não é somente como o meu lugar é. É como eu quero que o meu lugar seja. Porque eu sei que ele não terá a mesma forma para sempre. Muda de rua em rua, de ambiente em ambiente, de casa em casa.

A cidade é assim, feita de mudanças. Ela é dinâmica. Ela se adapta ao novo e a gente não escapa dessas mudanças, e por mais cômodo que possa parecer manter as coisas como elas estão, em um instante tudo muda, para que a sua vida seja mais fácil. Ou ao menos pareça ser mais fácil. A mudança acontece de uma forma silenciosa. Quando você se dá conta, as mudanças já aconteceram, e você já se adaptou completamente sem nem se dar conta de que uma mudança aconteceu, mas ela aconteceu. Essas mudanças fazem parte do meu cotidiano e são uma influência importante no meu trabalho criativo. Eu procuro traduzir todos os aspectos das coisas nos seus determinados períodos.

As mudanças que acontecem ao meu redor refletem a identidade que todos os dias se mostra na cidade. Ela está em cada cor, em cada forma, em cada aspecto do meu trabalho. A cidade que eu vivo é exatamente isso: a inspiração que eu busco e a inspiração que eu tenho. A inspiração está em todos os lugares, mesmo naqueles lugares que passam despercebidos por muita gente, como eu bem disse, afinal, tem lugares que mudam, tem lugares que são os mesmos, e bem, tem lugares. Os lugares que me marcam e que influenciam o que eu faço. E o meu trabalho reflete a inspiração e o reflexo daquilo que eu vejo todos os dias.

É aqui que eu sempre vou buscar a minha inspiração. E onde eu me sinto bem. Onde a minha identidade se desenvolve. A cidade onde eu vivo influencia o meu estilo visual e comunicativo de várias formas, desde a dinâmica até a sua forma. E eu sempre vou buscar inspiração em todas as formas e todas as cores que eu vejo. Que podem ser as mesmas quando eu passo pelos mesmos lugares quase todos os dias. Que podem ser outras se eu não passo por muito tempo por um lugar. Mas que sempre mantém a mesma essência de todas as épocas, momentos e fases que eu e a cidade passamos, aquela essência que a gente chama de identidade.