Na última terça-feira, a cidade de João Pessoa completou 440 anos. A fim de sair dos clichês das mensagens de aniversário, fiz um carrossel dentro da linha editorial que eu já emprego há anos justamente sobre o conceito de viver a cidade não somente pelos locais onde ela é conhecida, mas pelos locais que você conhece, faz parte da sua rotina, mas que estão bem longe do hype turístico. É a cidade de quem vive a cidade intensamente. As tantas cidades que existem nela e que nem mesmo os próprios cidadãos conhecem. Afinal, qual é a cidade que você vive? E a cidade que você luta? Ela é a mesma que eu vivo e luto todos os dias?
No carrossel que eu postei na última terça-feira nas redes sociais, prioritariamente no Instagram, mas que está em praticamente todas as redes sociais, eu quis contar um pouco sobre essa cidade que pouca gente conhece, mas existe e está mais perto do que você imagina. As próprias fotos que eu selecionei para ilustrar o carrossel ajudam a explicar melhor, são as do meu acervo, fotos que eu tirei há vários anos e sempre estiveram guardadas comigo, como eu gosto de guardar fotos, como eu gosto de documentar. Talvez essa seja uma das coisas que eu mais queira voltar a fazer, visto que faz tempo que eu não atualizo os meus acervos fotográficos. Bem que eu deveria fazer isso…
Eu sempre segui essa linha mais alternativa, afinal, como alguém que quer fazer uma comunicação um pouco diferente daquilo que as pessoas aqui na cidade já fazem, eu procuro entender o que ainda não existe e o que ainda não se trabalhou para poder desenvolver a minha linha editorial. Que é essa que vocês conhecem, que traz o tripé arte, cidade e comunicação – é por isso que o logotipo do meu site é uma luneta apoiada sobre um tripé. Se você ainda não viu o carrossel que eu fiz e postei na última terça-feira, cá está. É uma reflexão sobre a cidade onde a gente vive, será que é a mesma cidade que todo mundo conhece?
As #SetePerguntas desta semana falam um pouco sobre a relação entre o meu processo criativo e os elementos da cidade, para lembrar de onde vem a inspiração e as formas que eu vejo todos os dias. Elas vêm das ruas, vem dos lugares por onde eu passo, dos aspectos que eu vejo em cada lugar onde eu passo. É uma relação pragmática e ao mesmo tempo profunda e intensa, por saber que nem sempre quem está na linha de frente tem essa mesma relação e percepção, faz o que imagina ser bom, mas no fim, desagrada, não escuta, não entende a própria rua. E entender a própria rua e o lugar onde você está é primordial para entender a cidade.
Uma boa parte dessa relação foi contada no segundo caderno de #40folhas, primeiro caderno temático que eu fiz. Foi o caderno onde eu trouxe os aspectos do bairro onde eu moro, pela perspectiva de entender a cidade a partir daí. É sobre onde a alma da cidade pulsa e como ela toma forma. Traduzi isso em forma de arte em uma proposta pioneira, que talvez um dia eu vá repetir, o que eu quero é deixar o tempo passar e criar novas memórias, isso é uma coisa que eu quero bastante nesse momento de ansiedade, algumas crises, transição pós-pandemia e que rumo tomar a partir daqui. E pensar que amanhã estreia o terceiro caderno temático… Terceiro com tema, quarto com #48folhas.
Viver a cidade é bem diferente de viver na cidade, afinal, todos nós vivemos na cidade, mas a gente precisa entender melhor o lugar onde a gente mora, o lugar onde a gente está, e que sentido faz a gente estar em um lugar que tanto nos identifica e que molda o que a gente é de uma certa forma. É sobre como o lugar onde a gente está molda de uma certa forma a nossa personalidade e tudo aquilo que a gente faz. É onde está a inspiração. É entender que aquele lugar é único, aquele lugar é seu, aquele lugar é o que te identifica e é o lugar que você precisa cuidar. A cidade é feita por quem ela vive. E por quem nela vive.
