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Do barro às ruas digitais

Toda criação começa em algum lugar. A minha começou no barro da rua da frente de casa, e hoje continua no espaço digital, mas com o mesmo espírito: deixar uma marca.

Uma das lembranças mais marcantes da minha infância não estava em brinquedos caros nem em grandes aventuras, mas na rua de barro em frente à minha casa. Ali, com os dedos, eu desenhava paisagens e imagens que ganhavam forma por alguns instantes, até que o vento, a chuva ou os passos de quem passava apagavam tudo. Era um gesto simples, mas carregado de imaginação. Eu não sabia, mas aquele barro era a minha primeira tela, e o começo de uma jornada que eu só entenderia muitos anos depois: uma jornada de arte, cidade e comunicação.

Com a pavimentação da rua, no ano 2000, o barro desapareceu, mas a necessidade de criar permaneceu. O chão onde antes se desmanchavam meus desenhos agora se tornava firme, e foi como se isso também tivesse me dado suporte para buscar novas formas de expressão. A imaginação passou para o papel, para colagens improvisadas, para o uso das ferramentas que eu tinha em mãos. Aos poucos, aquele impulso criativo encontrou novos territórios: primeiro os cadernos, depois o computador, até chegar às possibilidades do digital.

Hoje, esse mesmo instinto criador está vivo no meu site, no trabalho com artes visuais, comunicação e na própria forma como compartilho ideias. Se antes eu precisava apenas de um pedaço de rua de barro, hoje tenho um universo de ferramentas: lápis, canetas, softwares de edição, redes sociais e até a inteligência artificial. O que mudou foi o suporte; o que permanece é o desejo de transformar experiências em marcas, em registros que ficam. O barro se desfazia, mas deixou raízes profundas na minha forma de ver e viver a criação.

Há um paralelo forte entre aquela rua de barro e as ruas da cidade. Ambas são cenários em constante transformação, onde o que se constrói um dia pode se apagar, mas nunca deixa de ter impacto. O desenho que o vento levava serviu de treino para os trabalhos que hoje permanecem no digital; a rua que mudou de chão me mostrou que a cidade também se reinventa, e que cabe a nós acompanhar e registrar essas transformações. Assim como a cidade cresce, a criação também evolui, ganhando novas camadas, novos materiais, novas linguagens.

Deixar uma marca no mundo não é sobre permanência absoluta, mas sobre o gesto de criar, de compartilhar e de se colocar no tempo e no espaço. O barro da infância pode ter desaparecido, mas dele nasceu o impulso que me trouxe até aqui. A cidade, com suas ruas e histórias, continua sendo inspiração e cenário, e o site é hoje o espaço onde reúno tudo isso: a vontade de experimentar, a paixão por comunicar e a certeza de que cada criação é uma forma de dialogar com o mundo. No fim, não importa se é na terra, no papel ou no digital — importa que a marca esteja lá, para quem quiser ver, sentir e se inspirar.

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