Rascunho despretensioso

Muitas coisas que eu fiz nasceram de rascunhos despretensiosos. A maioria delas, eu diria. Um monte de rascunhos despretensiosos que antes eu deixava em cadernos, hoje eu deixo aqui mesmo, no site, para todo mundo ver, de tão acostumado que eu estou de fazer da minha página pública um diário, como de fato ele é e como ele nasceu. E essa é uma coisa que eu jamais vou esquecer: que antes dele ser apresentado como um site organizado, ele ainda é um blog para mim. Pelo menos é nisso que eu acredito e por conta disso eu sigo mantendo a essência do meu projeto, sempre moderno, mas feito como se fosse a primeira vez que eu coloquei um post no ar.

Sabe aquelas ideias que você acha que não dariam certo se fossem reais porque você acredita que assim não seriam, mas arrisca tornar realidade, e quando se dá conta, percebe que aquela ideia que você não acreditou de início deu certo, muito além da encomenda? Então, as minhas ideias são assim, muitas vezes despretensiosas, que eu fico pensando: será que elas podem se tornar reais e podem escrever capítulos importantes da minha história? Será que eu devo apostar em algumas dessas ideias? Se tem uma coisa que eu sempre gostava era de rabiscar, tinha cadernos para isso, e foram cadernos assim que tornaram este site possível.

Afinal, se tem uma coisa do qual este projeto que você está vendo é fruto é justamente de um monte de rascunhos despretensiosos. Vários deles foram os primeiros posts da história. Hoje, eu posso transformar rascunhos despretensiosos em textos jornalísticos, artigos elaborados, artes de todos os tipos, enfim, eu posso fazer o que eu quiser, a minha criatividade e os recursos que eu tenho, na medida daquilo que eu tenho, me permitem. É um rascunho despretensioso que se tornou um projeto grande e hoje é a casa de vários rascunhos despretensiosos que eu tenho guardados ou que eu deixo públicos.

O próprio site, que nasceu blog, como bem disse, nasceu de vários deles, que precisavam de uma casa que não uma simples rede social, uma ideia na época muito mais ousada do que hoje. Se tem um projeto despretensioso que se tornou algo marcante, posso dizer que é o próprio site. Porque eu não sabia direito o que fazer, como fazer e se era possível fazer. Quando eu descobri que era possível, me joguei no desafio e cá estou eu em cada desafio diário que eu faço ao atualizar o meu projeto. E lá se vão quase 17 anos de transformação de um rascunho despretensioso em um grande laboratório de ideias e desafios.

O Luneta Sonora também foi um rascunho despretensioso, mas com uma diferença: eu não precisei guardar essa ideia em um papel. Saiu totalmente da minha cabeça e nela ficou guardada até ser materializada há quatro anos. Tem ideias que eu sequer anoto por acharem loucas demais ou impossíveis de se fazer, e eu guardo para mim. Quando eu acredito que eu posso tirar do papel, aí eu consigo viabilizar direto. Tem ideias que eu guardo quase que em segredo, e olha que eu guardo muito bem. Guardando ou não, transformo rascunhos despretensiosos em coisas marcantes. E de rascunho em rascunho, desenvolvo a minha identidade.