Qual a lição que você tira dessas mudanças do Google Notícias? Elas têm mais a ensinar para os editores sobre a linha editorial dos seus sites?
Pergunta feita por este editor
Toda mudança traz uma lição que você tira. E muito a ensinar, principalmente. Mas nesse caso, o que mais os editores independentes têm a aprender sobre as mudanças do Google, que nem sempre eles sabem o que aconteceu, nem sempre eles sabem como se comportar diante dessas mudanças, e nem sempre eles sabem o que exatamente fazer para contornar os algoritmos. Você abre o celular e olha o Google Notícias, o Discover, e vê que nem sempre você consegue encontrar aquilo que realmente é do seu interesse. O Google meio que determina. Ele praticamente impõe o que você vê, e esconde os editores independentes.
E essa é uma lição que se tira não somente das mudanças do Google Notícias. Em uma outra semana, eu falei sobre as mudanças nas web stories, que simplesmente desapareceram do Discover. E eu poderia passar mais uma semana falando sobre isso, dessa vez do próprio Discover. Não por acaso, descubro que essas coisas não aconteceram só comigo. É uma reclamação geral dos editores independentes, que se veem cada vez mais sem saída diante de todas as mudanças, por mais esforços que se façam para a melhoria do conteúdo, dos sites, das linhas editoriais, de tudo. E nada disso adianta para ter números consideráveis.
Tudo o que os editores independentes mais querem é ter as mesmas oportunidades de visibilidade que os veículos maiores. Afinal, acredito que a Internet é um espaço democrático, que permite ao público descobrir meios e fontes que vão além do óbvio, e mais ainda, de meios que trazem informações com precisão dentro dos nichos que as pessoas se encontram. O Google, com as mudanças realizadas não somente no Google Notícias, mas nas web stories e no próprio algoritmo de busca, parece querer jogar contra tudo isso. O assunto da semana foi específico sobre o Google Notícias. Mas em outra ocasião, como bem disse, falei sobre as web stories. Um tempo desses, sobre o algoritmo. E agora, o que vai vir?
Afinal, todos nós temos interesses gerais e sempre nos informamos por meios em comum, mas ao mesmo tempo, temos interesses específicos e muitas vezes a gente não encontra informações com precisão em fontes óbvias. Precisamos explorar, ir além, procurar além do óbvio e buscar o que muitas vezes não é escondido nem pela chamada mídia mainstream, mas pelos mecanismos de busca que em anos anteriores promoveram esses encontros, e assim se criam vínculos mais próximos entre leitores e editores, uma coisa que as mídias mais específicas trazem e contam como uma vantagem importante para conquistar os leitores.
Queria poder extrair lições para isso tudo, mas o que eu queria extrair mesmo, são outras perguntas a se fazer antes que se tirem lições daquilo que a gente nem sequer aprendeu, porque nem sequer fomos ensinados. O cenário de hoje não parece animador, é verdade, mas de uma coisa eu posso ter certeza: há uma saída e não existirá saída sem a participação dos editores independentes. Porque se não fossem eles, não teríamos as oportunidades de saber mais do que a gente já sabe, de se aprofundar mais sobre os assuntos que a gente tem interesse, de entender o mundo de verdade, sob todos os pontos de vista. As lições, a gente aprende quando entende. A gente aprende junto com o público que nos motiva a não desistir.
#SetePerguntas
O primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar. Um tema por semana, com uma pergunta por dia sobre assuntos relacionados a arte, cidade e comunicação. Pergunte o que quiser, eu posso lhe responder.