Mudanças que não foram boas

Por falta de transparência. Nem sempre as mudanças que o Google implementa para os seus produtos são positivas ou beneficiam os pequenos editores, os editores independentes, enfim, a gente apenas quer entender melhor as mudanças. Por mais que o Google esclareça essas mudanças nas notas que publica a cada aviso que dá de mudança de recurso, ou até de sua descontinuidade, ela dá dicas, mas não garante o efeito delas. Você faz muito, você faz tudo, tem todas as ferramentas possíveis e imagináveis, orienta os seus clientes a escrever textos dentro das diretrizes de SEO do Google, monta todo o site baseado nessas diretrizes de SEO, enfim, você faz um monte de coisas que os mecanismos de busca sugerem, mas nada parece dar certo.

E o cliente cobra, quer saber o que está acontecendo, quer saber por que o site dele não aparece no Google Notícias, se ele produz notícias, muitas vezes notícias que são resultado de trabalho que ele mesmo faz por horas. Primeiro, ele enfrenta todas as dificuldades possíveis para conseguir fontes confiáveis e extrair o que de melhor puder delas. Depois produz o material que vai levar ao ar. Publica os links dos posts que produziu nas redes sociais na certeza de que os leitores estão interessados no conteúdo que ele publica, afinal, ele entende que o público que está nas redes sociais está preferencialmente interessado no que ele publica, certo? Muitas vezes os seguidores das redes sociais não são garantia de resultados, por mais que o editor se esforce.

O editor precisa focar nas buscas, justamente porque o leitor pode não estar na rede social, e sim perdido em algum lugar esperando encontrar o conteúdo que lhe interesse, e ele não sabe exatamente onde encontrar aquilo com riqueza de detalhes, visto que muitas vezes as grandes publicações tratam os assuntos de interesse de vários leitores de uma maneira genérica. Os leitores estão cada vez mais exigentes e querem conteúdo mais detalhado, que pode estar em um pequeno editor, em um editor independente. É esse o conteúdo que os mecanismos de busca muitas vezes escondem, e o leitor precisa garimpar nos resultados, afinal, todo o trabalho que foi feito para construir um conteúdo detalhado não foi suficiente para garantir o destaque que o editor acredita que merece.

Por mais esforço que se faça para distribuir o conteúdo nas redes sociais e otimizado para mecanismos de busca, esse conteúdo termina não atingindo o resultado esperado porque está escondido. O editor não quer saber que o Google tem critérios X e Y para determinar a relevância de um site, ele não quer saber que precisa seguir determinadas diretrizes, ele quer o seu conteúdo lá, naquela vitrine, do jeito que ele sempre escreveu, na linha editorial que ele sempre seguiu. Por que o cliente tem que mudar o seu estilo de escrita para atender algoritmos e critérios de relevância determinados por uma gigante de buscas só para que o site não fique escondido nelas a cada pesquisa que um usuário faz sobre um determinado assunto? O que seria preciso para se sobressair?

O trabalho dos editores independentes é árduo, e quem dá suporte a eles sente o peso desse trabalho nos resultados que muitas vezes demoram para aparecer ou geralmente nem aparecem. Mas tudo o que é possível fazer, está sendo feito. O que acontece é que muitas vezes a gente tem que adequar o site a diretrizes que parecem ser inatingíveis, ou só são atingíveis para quem pode atingir. E foi o que aconteceu com essa última mudança realizada pelo Google Notícias, que simplesmente ignorou a existência de sites que já estavam estabelecidos na plataforma para colocar no ar só o que eles querem que esteja no ar. E poucos conseguiram sobreviver a esse corte. Afinal, isso não é somente sobre o mecanismo de notícias, é sobre o Google como um todo.