Image

Tudo acontece em uma parede

O que você vê, o que eu produzo, o site como ele é há 16 anos. Tudo acontece em uma parede.

De que modo você trabalha e faz as coisas acontecerem? Nos 1000 dias de publicações ininterruptas do site, tudo acontece em um lugar. Ou em vários lugares em um único lugar. O trabalho acontece em casa, em uma parede do meu quarto, que se modifica constantemente, talvez seja isso que eu acredite. Tudo acontece em uma parede, que é o único espaço que eu tenho agora. Uma parede pintada de verde piscina cuja única pista de sua existência são as fotos e vídeos dos desenhos que são postados todos os fins de semana. Uma parede cheia de coisas em cima de uma mesa, que ainda talvez tenha espaço para mais coisas.

Uma parede de um quarto que eu ainda divido com o meu irmão, na certeza de que lá na frente eu vou conquistar coisas maiores. Mas enquanto essas “coisas maiores” não chegam, eu vou precisar trabalhar ainda nessa parede. Até quando? Eu não sei. Mas me deram uma perspectiva de mudança a qual eu vou me apegar, e como eu não sei como vai ser essa mudança, eu prefiro ainda não contar. Mas tem a ver com essa parede cheia de trecos e trambolhos, que não são meros trecos e trambolhos, são os materiais que eu uso, o acervo de artes que eu conservo, as coisas que me fazem ser eu. Tudo está nessa parede, pois a história do site passa justamente por essa parede do quarto.

Aliás, o próprio site nasceu, ainda como blog, ainda como Diário do Josi, no quarto. O mesmo quarto onde o site é operado há 16 anos. Só que o nascimento não aconteceu onde eu trabalho agora, e sim na parede do lado, que está oculta por um guarda-roupa atualmente. A única parede que falta ser reformada, já que não tiram o guarda-roupa do lugar por nada. Talvez seja necessário trocar, porque o guarda-roupa está mais para lá do que para cá. E quando isso acontecer, vai ser necessário reformar a parede. Se retorna para a outra parede? Não. O lado onde tudo começou não tem tomada. E como uso eletrônicos, eu preciso ter uma tomada por perto.

Uma tomada por perto para estar mais do que ligado, uma tomada que não esteja escondida, uma tomada para um filtro de linha e as tantas coisas que eu preciso recarregar, do computador ao celular, do celular ao tablet, do tablet aos fones de ouvido, dos fones de ouvido a luminária que eu uso para gravar os desenhos que vão ao ar nos fins de semana. Na mesa pendurei ganchos desses de parede para gravar os desenhos. As únicas revoluções que eu poderia fazer estavam justamente nessa parede, e em nenhum outro lugar mais. O meu canto na minha cidade. Talvez vocês entendam a importância de se ter um canto que te represente tão bem na cidade, mesmo que seja na sua casa, porque a sua casa faz parte da cidade.

Tudo acontece numa parede. Talvez logo, aconteça em várias paredes. Porque quanto mais os sonhos crescem, e eles crescem, você irá precisar de mais paredes para dar conta dos tantos sonhos que você tem. E nada, absolutamente nada, pode parar os seus sonhos, nem as limitações de uma parede, nem as coisas que você não quer que estejam no seu ambiente e que você quer trocar. Só deixe as coisas acontecerem. E se tem uma coisa que eu aprendi com a construção do meu espaço, é que eu devo começar com aquilo que eu tenho, para conquistar o que eu ainda posso ter. Tudo no seu tempo, nada de uma única vez, porque um espaço se constrói de forma dinâmica e permanente, ele nunca está pronto. E está em uma parede.

Compartilhe este post nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Antes de deixar o seu comentário, leia a Política de Comentários do site.

Assine A Luneta

Receba os posts do site em uma newsletter enviada às segundas, quartas e sextas, às 8 da manhã.

Junte-se a 12 outros assinantes
Pular para o conteúdo