Hoje eu quero falar de escolhas e de pessoas. E como essas pessoas moldaram a minha carreira. Eu sou formado em Publicidade e Propaganda e nunca segui a carreira de uma forma plena. Não como um publicitário de sucesso poderia seguir. Mas eu me sentia um peixe fora d’água, longe de onde eu nado, tentando furar uma bolha onde eu poderia estar, mas não fazia parte daquele lugar. Me adaptei para onde as circunstâncias me levaram.
Na conversa de ontem, falei sobre como eu quis construir um ambiente acolhedor em que as pessoas poderiam se sentir a vontade. Que elas poderiam ser muito bem recebidas. E eu as receberia com café e biscoitos. Sempre me ensinaram a tratar bem as visitas. As pessoas que eu convivo são pessoas que conheço desde criança, e junto vieram outras amizades, com pessoas com as quais eu me identifico.
Olhar para o lugar de onde você veio e para as pessoas que te cercam explica muito sobre tentar se enturmar com aquelas pessoas mais influentes, mais populares, que resumem a cidade como um todo a bolha onde vivem. E te tratam como um estrangeiro, porque você não está nessa bolha. Fora dela, tudo parece estranho para elas. E eu me dou o direito de achar estranho o que está dentro da bolha. Questão de reciprocidade.
Fiz um curso universitário, obtive uma graduação, mas não quis fazer carreira porque eu já sabia como essa carreira seria e que ela não foi feita para pessoas como eu. Porque por mais inteligente que possa ser e mais competente que eu possa ser, eu estou fora da bolha. Porque a carreira meio que gira em torno dela. Você pode ser o que for, você não faz parte do mundo que essas pessoas fazem parte. É um clube fechado. Só entra quem tem a senha.
E foi assim que eu criei dentro do que eu já tinha a minha maneira de me expressar. Eu já tinha o meu site. Já tinha os meus projetos. Já tinha a minha base e os meus sonhos, como todos nós temos o direito de sonhar. Eu queria fazer diferente, fazer a diferença. Quero que a bolha só veja mesmo. Para que entenda que há vida fora dela e essa vida é bem diferente daquela que eles acreditam que vivem. A gente sabe que nem sempre as coisas são como a gente planeja por coisas que não estão ao nosso alcance.
Você pode dizer que eu me fechei em uma bolha própria em resposta. Mas saiba que eu não sou uma ameaça e não, não estou dentro de uma bolha. Sou um de vocês e vim do mesmo lugar de onde vocês vieram. Sou como você, fora da bolha, e ao mesmo tempo, fora da caixa. A única diferença é que dentro desse lugar, há uma bolha. Há várias.
E o lugar onde as oportunidades supostamente existem está fora do meu alcance, porque eu não sou da bolha, eu não estou na bolha, não penso igual a bolha pensa. Lá na frente, em outras conversas, e até mesmo ao longo das entrelinhas de cada texto do meu site, vocês vão me entender, e por aqui vocês me entendem melhor. Quando as portas se fecham, como várias se fecharam para mim, eu abri as minhas próprias portas.
Se o seu mundo se resume a sua bolha, dá uma olhada lá fora e veja como o mundo é incrível. Você não precisa fazer igual as outras pessoas fazem. Você não precisa sentir que pertence. Você é. Todos nós somos. Talvez furar a bolha seja assustador para quem está dentro dela, pois quem está na bolha não faz ideia de quantas pessoas iguais a elas, em outros mundos dentro do seu mundo, está deixando fora delas.
Somos pessoas, somos humanos, nada diferente dos iguais, nada igual ao que nos diferencia. Nos abrimos com medo, nos fechamos em busca daquilo que nunca fomos. E no fim criamos barreiras intransponíveis para tentar nos proteger de nós mesmos. Não queria que fosse assim, mas esse é o mundo real. O que eu sou, o que eu faço, o que você vê e o que eu represento são uma resposta, um manifesto, de quem não se sente parte de uma bolha.
Todo mês de janeiro tem #31conversas sobre a vida, o começo do ano, planos, muita coisa. Uma conversa por dia durante todos os 31 dias do primeiro mês de cada ano, sem tema, sem nada: não precisa partir de uma pergunta, uma boa conversa já é o suficiente.
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