E se eu trabalhasse em uma campanha eleitoral?

Quando se está em uma agência, não se escolhe trabalho. Na prática é assim, pelo menos eu acho, e olha que eu não pude viver o ambiente de uma agência de publicidade. Qualquer que seja o trabalho que você faça, você faz com a mesma dedicação e muitas vezes precisa se tornar um camaleão: uma hora, você está imerso em um trabalho de publicidade comercial, na outra, você está trabalhando com campanha eleitoral. Qualquer que seja o estilo de campanha, você precisa dar o nome. E nada movimenta mais a publicidade do que as campanhas eleitorais, onde a criação é tão ou mais volumosa quanto, por exemplo, um período de campanhas de varejo.

E a publicidade eleitoral é um verdadeiro jogo de xadrez, e talvez um dos poucos trabalhos na publicidade que você trabalha em um ar competitivo, porque na realidade, você não está oferecendo um produto para as pessoas comprarem, e sim você está em nome de um candidato convencendo o público a votar nele, sendo que para isso, para além de apresentar as suas propostas, você precisa se movimentar para evitar que o oponente te passe para trás. É uma coisa muito louca. Você literalmente precisa estar atento aos fatos e aos movimentos dos oponentes. E tem que entregar peças diariamente dentro desses movimentos, trabalhando com prazos muito curtos.

Como alguém movido a desafios, eu faria uma campanha eleitoral tranquilamente, e até conseguiria coordenar uma se eu pudesse. Como eu sou uma pessoa que tem um conhecimento amplo dos bairros da minha cidade, ainda mais vivendo em um desses bairros mais antigos e populares da capital paraibana, eu poderia colaborar com esse conhecimento e experiência pessoal para dar uma melhor orientação para o cliente (no caso, o cliente é o candidato). Eu vejo muitos erros estratégicos em várias campanhas, e onde eu faço comentários, é onde eu identifico esses erros. Já fiz isso em vários perfis de candidatos. E tem os que me respondem, e eu já jogo como um publicitário, porque eu sei que é um que está me respondendo, e não o candidato, nas campanhas mais elaboradas.

Se você é um publicitário que está trabalhando em campanha eleitoral, eu entendo que você está trabalhando de uma forma muito intensa e muito insana. Eu devo imaginar o desgaste que é, por conta de você fazer tudo da maneira mais rápida possível, mas pelo menos você está trabalhando em equipe. Isso faz toda a diferença na hora de você procurar um suporte, afinal, não se faz nada sozinho e eu aprendi isso na campanha que eu fiz como TCC, onde contei com o suporte de uma equipe até mesmo nos momentos em que eu precisei fazer uma pausa por conta do desgaste que foi, mas que eu entendi depois que eu não estava acostumado com aquela intensidade e que lá na frente eu posso ter novas chances, já mais preparado e amadurecido. E certamente, você já passou por muito!

E é por isso que eu faria tudo novamente. Qualquer campanha que seja, comercial, institucional, eleitoral. Mas a campanha eleitoral te impõe mais desafios por conta de trabalhar com esse clima de competitividade nível hard, e esse talvez seja um desafio que um dia eu queira encarar, porque se existe algo que eu gosto de fazer é me desafiar. Hoje eu estou apenas olhando o trabalho das campanhas como a pessoa que precisa ser atingida, justamente porque a lógica de uma campanha eleitoral é inversa da comercial: em vez de atrair pessoas para adquirir um produto, você precisa ir até elas para convencer as pessoas de que as suas ideias vão contribuir para uma vida melhor para o lugar onde vivem. É tão, e somente, a publicidade em seu estado puro para quem trabalha com ela.