A inspiração e o algoritmo

Sou um criador de conteúdo. Formado em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, ou seja, publicitário. Meu trabalho é aliar as ferramentas de comunicação para divulgar coisas, ou seja, fazer propaganda. Pelo menos é nisso que eu me formei, mas não trabalho na área. O que eu estou fazendo para passar o meu tempo e criar experiências enquanto as oportunidades não aparecem? Criando conteúdo. Buscando inspiração nas coisas que eu fazia em outros tempos. É nessa que a arte virou a minha terapia. E é nessa que eu trouxe a arte para o centro das coisas que eu faço diariamente. Mas… Eu trabalho com a Internet, e eu sei que não é tão simples assim criar conteúdo.

Até porque não é simplesmente jogar na Internet e pronto, você conseguiu divulgar o seu trabalho. Não é bem assim quando se precisa lidar com os algoritmos dos mecanismos de busca, das redes sociais, onde quer que você vá eles estão lá, praticamente determinando o que os usuários podem ver ou não. E por causa dos algoritmos, o fato de você me seguir nas redes sociais não é uma garantia de que você vá receber o meu conteúdo, mesmo que eu poste várias vezes ao dia. Quanto conteúdo das pessoas que eu sigo eu perco porque o algoritmo não me entrega? Para entender o que eu passo, preciso entender o que você, que está do outro lado, passa, ainda mais se você cria conteúdo.

Eu sigo vários conteúdos relacionados a arte, identidade visual, marketing e comunicação, no que você sabe que eu sigo pessoas com esses interesses em comum com os meus, para além de membros próximos da família e das pessoas com quem eu convivi e convivo pessoalmente ao longo da minha trajetória. Eu gosto de ver trabalhos de artistas. E nem sempre eu consigo ver o trabalho de todos eles, não por falta de tempo, mas porque o algoritmo não me entrega os trabalhos de todos. Já vi caso de pessoas que eu sigo terem suas contas em outras redes sociais simplesmente derrubadas por nada, por conta do conteúdo que postavam, ainda que não fosse inadequado de se postar em uma rede social. Desafiar os algoritmos não é uma coisa mole.

Mas eu tento equilibrar, afinal, é praticamente uma obrigação equilibrar a inspiração com o algoritmo, afinal, é sobre coisas que você cria, é sobre coisas que são só suas e você quer divulgar. É sobre a sua arte, sobre coisas que ninguém faz igual. Cada arte é única, cada arte tem uma impressão digital. E não somente é sobre a arte, é sobre o conteúdo como um todo, sobre coisas que só você oferece e que não são iguais ao que você encontra por aí. Quanto mais único e autoral, melhor. É o que o algoritmo, na teoria, precisa entender. Mas ele tem as suas próprias regras, que ele jamais vai contar em detalhes para você. E é implacável com quem se atreve a subvertê-las.

Criar conteúdo é um exercício de paciência quando se tem que lidar com coisas que na teoria nem era para você se preocupar, mas que determinam, de certa forma, o que as pessoas vão ver. E você precisa ser mais esperto do que o algoritmo. Afinal, criar conteúdo nem deveria ser um desafio, mas já que é, e eu sou movido a desafios, estou aqui iniciando mais um, baseado em uma ideia que eu só consegui formular próximo das dez horas da noite de um sábado, baseado nesse eterno desafio que é criar conteúdo e ser o mais original possível, ao mesmo tempo que você precisa ser estrategista para entregar o seu conteúdo alcançando o máximo possível de pessoas. Ser publicitário me dá essas diretrizes. Ser artista me dá desafios. Ser tudo isso é um desafio por si só.