Quando lembram do meu bairro…

Desde que eu me entendo por gente, eu vejo de tudo e acredito que eu não vejo tudo em toda campanha eleitoral que acontece aqui no bairro onde eu moro. Quantas lendas não já aconteceram no Rangel? Para quem não sabe ou acha que conhece João Pessoa, o bairro fica na Zona Oeste da cidade, a três quilômetros e meio do Centro, próximo para quem está longe, longe para quem está próximo, mas encravado no meio da cidade, para quem interpretar mapas como eu interpretei os mapas das listas telefônicas. Eu nem contei essa parte da época das listas telefônicas; por causa desses mapas, conheço a cidade inteira e não me perco pelas ruas. Eu sou desse tempo, muito antes de existir Google Maps, Street View, e todas as maravilhas tecnológicas da cartografia moderna. Lembrem-se que na semana passada eu completei 36 anos.

Voltando para o bairro onde eu moro, ele costuma ser bem visado pelos candidatos, alguns deles residem, outros residiram aqui, inclusive. Quer que eu conte quantos candidatos tem relação com o bairro? Pelo menos uns sete candidatos de tudo que é partido, apoiando tudo o que é candidato a prefeito, o que é um desafio: conhecendo muito bem o bairro onde moram, esses candidatos a vereador praticamente “guiam” os candidatos a prefeito que apoiam pelas ruas de um bairro que pouco conhecem, seja as próprias ruas, seja a rotina, seja a dinâmica, que é a coisa mais difícil dos candidatos a prefeito conhecerem, e é nisso que eu quero me aprofundar um pouco mais: sobre a visão que os candidatos a prefeito tem do bairro como se a realidade socioeconômica fosse a mesma de 30 anos atrás. E tem aqueles que não tem o rótulo de “candidato do bairro” por seguir pautas mais generalistas para a cidade, mas moram aqui.

Calçamento de rua é uma coisa que os candidatos a vereador vão começar a parar de prometer, visto que praticamente todas as ruas foram calçadas ou estão em projeto, os quais, em tese, deveriam ficar em cima para saber se estão mesmo em andamento e a que pé estão. O próprio Mercado Público foi uma promessa tão velha que saiu do papel só agora. Mas deve levar um tempo para ser concluído e ser mais uma vitrine para eles quando inaugurado for. Mas se tem uma promessa que era rotina nas campanhas eleitorais de outrora e saiu praticamente do radar foi a questão das agências bancárias, toda eleição tinha isso, pelo fato do bairro ter um comércio relativamente forte. Até existia uma pequena agência de um banco particular aqui, mas fechou. Hoje em dia, praticamente tudo se soluciona em aplicativos de celular, e a casa lotérica quebra um galho.

Diante do crescimento do Rangel visto ele estar em uma área já consolidada de João Pessoa, as promessas começaram a ficar menos absurdas possíveis. Já tivemos uma infraestrutura pior, hoje os problemas de transporte público (lembrem-se que o Rangel está em um corredor viário, e não é destino, e sim passagem de linhas de ônibus), de falta de água, e raramente, de luz, são reflexos de como as estruturas foram preparadas para uma realidade socioeconômica distinta, que mudou, e precisa ser melhorada para se adequar as mudanças que passamos ao longo desses anos. Agora, só restam tampar buracos nas ruas quando eles aparecem. Uniformizar a iluminação de LED. Cuidar da zeladoria básica e da segurança dos moradores. Diante de tudo isso, a pergunta é: o que vão propor a partir de agora? O que eu vejo que pode melhorar? O que querem melhorar? Talvez seja hora de se consolidar de vez como parte da cidade.

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