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Onde está a interação em comunidade?

O senso de comunidade está em quebrar as barreiras do individualismo e nos entender como comunidade. Interagir na rua faz parte.

Moro na mesma rua há 35 anos recém-completados. Nunca me mudei a não ser quando a casa precisou ser demolida para dar lugar a essa estrutura onde eu estou agora. O tempo passou e eu continuo no mesmo lugar, vendo-o mudar sabendo que essa mudança incomoda certos setores. Que não conhecem o lugar onde moro, nem tampouco a rua. Um exemplo de interação em comunidade.

Os mesmos vizinhos estão aqui, na segunda, terceira geração, mas alguns da primeira e desbravadora geração seguem vivos para contar histórias e preservá-las. Seguem conversando uns com os outros, veem os netos brincando na rua estreita. Um movimento incomparável, perto do incômodo silêncio de várias ruas que eu costumo passar e não vejo ninguém.

Será a insegurança que os assusta, ou a completa falta de interação com o vizinho? Existem ruas onde os vizinhos mal se conhecem, mal conversam, cada casa é um mundo e passa-se a impressão de que uma rua sem movimento é uma rua tranquila. Essa “tranquilidade” para mim chega a ser assustadora.

Aí que vem aquele questionamento: será que as pessoas realmente interagem umas com as outras no mundo e nos tempos de hoje ou apenas nos trancamos no nosso próprio mundo achando que o mundo lá fora realmente é o nosso mundo? A sensação de pertencimento e comunidade é essencial para que não sejamos engolidos por uma fórmula pronta que não nos inclui.

Quando eu olho para a minha rua, olho para um ambiente que eu sinto falta em outras ruas. E o que te torna seguro nela é saber que você tem pessoas que te conhecem e confiam em você, algumas de longa data. Não queria que fosse uma rara exceção diante do que a gente vê em tantas ruas. Quando eu falo sobre interação em comunidade, é sobre isso.

Se a gente cultivasse de verdade o senso de comunidade, iríamos incomodar ainda mais. O senso de comunidade está em quebrar as barreiras do individualismo e nos entender como comunidade. Interagir na rua faz parte. E talvez seja disso que precisamos para nos dar conta que nenhum lugar nos acolhe tanto como a comunidade onde vivemos.

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