Nascido e criado praticamente na área Centro-Oeste de João Pessoa, como o lugar onde você vive foi fundamental para a construção da sua identidade?
Pergunta feita por este editor
Nasci no bairro do Tambiá, que é onde fica a maternidade de onde eu vim, e que até hoje está em funcionamento. Por ela passei diariamente durante os anos em que eu fiz faculdade, visto que a linha de ônibus que me levava para lá é a única que passa em frente de onde a minha história começou. Mas eu me criei e até hoje estou no bairro do Rangel, que fica a menos de quatro quilômetros de onde nasci, e praticamente vi o bairro se desenvolver ainda que seja um dos mais antigos de João Pessoa, um dos primeiros que atravessou o Rio Jaguaribe. Tá, você lendo assim parece que tenho bem mais de 36 anos, não é? Eu tenho 35 até amanhã, vou completar 36 anos, e mesmo assim, já acho que sou uma pessoa bem vivida.
O lugar de onde você veio é parte da sua identidade, mesmo quando você sai dele e vai morar em outro lugar, quando a sua carreira evolui de um modo que você precisa se instalar em outro lugar. Isso ainda não aconteceu comigo, visto que eu moro no mesmo lugar desde que eu nasci, e isso explica muito das minhas vivências, experiências e vontade de contar uma história que talvez nem os moradores de João Pessoa conhecem por não se darem conta da diversidade de histórias que existem em todos os cantos da cidade. Até porque não é só a minha história que acontece por aqui; quantas outras eu posso não estar notando em outros pontos da cidade?
E morar na mesma rua há 35 anos é o suficiente para que tudo girasse ao redor de onde eu estou, vendo como esse ambiente evoluiu e eu fui acompanhando essa evolução. Você leu bem: eu moro na mesma rua, mas não na mesma casa, embora ela esteja no mesmo terreno. Afinal, como a maioria das casas da rua, ela precisou evoluir. Em um ano da minha vida, eu tive que me mudar junto com a minha família para a casa da minha avó para que a velha casa de taipa fosse derrubada e a atual casa onde eu moro fosse levantada. E toda essa evolução, não só da minha casa, mas da rua como um todo, teve uma história, que foi contada em outra ocasião em sete perguntas.
E muitas vezes as pessoas não acreditam, mas continuar construindo a sua história de onde você está é fundamental para que as pessoas compreendam como as coisas evoluíram e como eu conto a minha história com os recursos que eu tenho. Tudo bem, elas não precisam acreditar. Basta apenas que elas vejam acontecer com os próprios olhos. Mas para mim, isso não é suficiente. Afinal, o que eu ainda não fiz – ou pelo menos eu acredito que ainda não fiz – foi deixar as minhas marcas na cidade. Pode ser através da minha arte, pode ser qualquer contribuição que eu der. O que eu quero é deixar marcas da minha trajetória para que as pessoas se lembrem das coisas que eu fiz.
Se eu sou um sonhador ao dizer isso? Podem falar o que quiserem. O que importa é que eu posso sonhar, como todo mundo que tem o direito de sonhar. O que eu mais quero é que os meus sonhos se tornem realidade e que eles não fiquem guardados apenas para mim. E eu sei que nada disso seria possível se não encontrasse pelo acaso da vida, se é que assim eu poderia dizer, um lugar onde a minha imaginação poderia ser trabalhada, do chão da minha rua onde tudo começou, até a tela do computador onde os meus sonhos e meus projetos ganham o mundo, a maior rua que eu poderia fazer acontecer todas as coisas que eu comecei a fazer rabiscos na terra. De onde eu nasci, de onde eu cresci, de onde eu trabalho.
Este é o tema “Conhecendo Você”, o primeiro post do dia no Site Josivandro Avelar, com perguntas que eu respondo sobre temas de autoconhecimento e cotidiano. Inicialmente elaboradas por inteligência artificial, as perguntas passaram a ser elaboradas por mim e pelo público através dos canais de contato e redes sociais.
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