Eu escolhi resistir

Comunicar é um ato de resistência por si só. E quando você comunica sozinho, da maneira que você pode e com os recursos que você tem, você entende o motivo do seu trabalho ser um grande ato de resistência diante de muitos projetos com recursos à perder de vista, nomes conhecidos, personalidades influentes e por aí vai. Eu escolhi um caminho diferente por causa das portas que se fecharam para mim. Mas sabe como é: quando uma porta se fecha, você mesmo vai lá e abre com uma marreta. Posso ter construído mal essa metáfora, eu sei, mas de alguma forma eu estou provando que eu abri o meu próprio caminho.

Estar no meio dos leões é um ato de resistência. Porque não é mole construir um projeto e manter atualizado diariamente sabendo que você tem que competir por atenção sem fazer estripulias. Só procuro fazer o meu trabalho da melhor maneira possível. E eu sei o quanto é difícil, mas eu faço sem sentir, mesmo sentindo. Na certeza de que o que eu faço não deixa de ser uma escola, não deixa de ser um aprendizado, das coisas que eu aprendi a fazer e das coisas que eu quero seguir me aperfeiçoando. Porque eu entendo que, lá na frente, o conhecimento que eu acumulo diariamente vai me levar a fazer voos ainda maiores.

Ser uma opção de escolha viável para quem quer ver alguma coisa diferente ou quer dar força a um criador independente é um ato de resistência. Porque eu entendo que a verdadeira independência é de tudo: é do poder econômico, é dos governos, é de tudo aquilo que possui uma esfera de influência. Se você está em alguma esfera de influência e se diz independente por acreditar que é independente de alguma outra esfera de influência, essa independência não é total, é pela metade. Ser independente é criar a sua própria influência, livre de todas as outras, na certeza de que você consegue construir sozinho, mesmo que uma pequena influência.

Construir o seu meio de comunicação, com as suas próprias mãos, com o conteúdo que você produz, autoral e com pesquisa, é um ato de resistência. Fazer o que se faz todos os dias, levando alguma coisa diferente para as pessoas, é um ato de resistência. Porque você já entra sabendo que tudo é difícil, e você vai lá e entra no jogo com o que você tem. Mas entra, porque sempre tem um jeito de vencer de alguma maneira, mesmo que você não saiba como, mas sabe que precisa fazer não menos que o básico, precisa fazer o que você sabe e é assim que as pessoas te conhecem. E assim, você já comemorou as suas pequenas vitórias.

Comunicar é resistir, e essa é a minha escolha. A de construir os meus próprios projetos e seguir os meus próprios passos, contra os algoritmos, contra os discursos prontos, contra qualquer coisa que dite a narrativa e nos distraia para o que realmente interessa discutir. Por isso, eu escolhi resistir. Assim tem sido nesses quase 17 anos que eu mantenho um site, o que mostra que quando existe vontade, existe disposição para seguir cada vez mais longe. E eu vou seguir resistindo.

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