Além da insônia

A ansiedade nunca vem sozinha. As crises de insônia foram o sinal mais visível, o sinal de alerta, afinal, quando você não tem uma boa noite de sono, isso já é o suficiente para que o dia como um todo não seja bom. Noites de sono a menos não são nada perto do que eu passei nesses últimos dias, principalmente entre essas três noites não consecutivas de noite em claro. Afinal, as horas de sono que eu perdi e tudo o que vem junto é efeito das crises de ansiedade, que são as piores que eu tive desde que eu consegui controlar as crises do tempo de faculdade. Isso quando eu acreditava que poderia estar controlado.

Mas é o que eu sempre digo: você controla a ansiedade, mas ela está lá, pronta para a próxima oportunidade de aparecer. Ela é um fantasma que vai te assombrar e você muitas vezes não sabe aonde está esse fantasma, ela aparece de surpresa. Por isso você sempre está preocupado – não que a própria ansiedade não seja fruto de todas as preocupações que eu já tenho e mais um pouco – e atento à quando ela pode acontecer. Qualquer coisa pode ser um gatilho para a ansiedade, qualquer coisa mesmo. Teve dias que eu passei praticamente parado e sem ânimo. E isso depois das crises de insônia, mas já bem longe desse momento.

Quase um mês se passou das crises de insônia, e o que ficou disso tudo? Lembranças, com certeza. Porque a ansiedade deixa marcas, que se para os olhos humanos são invisíveis, são perceptíveis para quem sente esse problema. Para quem está do outro lado, percebe pelos olhos, pela expressão, pelas suas atitudes, afinal, você até tenta, mas o seu corpo não deixa você esconder as crises de ansiedade. Nos momentos de insônia, senti tremores, e já senti tremores em dias considerados normais. Muitas vezes eu tenho tremores que eu não sei de onde vem, mas aparecem, e tem momentos que eu posso estar aqui, escrevendo este texto, e tremendo descontroladamente os pés.

E para além dos tremores e de outros alertas que o meu corpo deixa, eu posso dizer que eu deixei registros escritos, sim, porque eu sou desses que não quer esquecer desse momento e de certa forma registra isso em forma de palavras, para me lembrar, para não esquecer, das coisas que eu já senti e não sinto mais, das coisas que pensei e não penso mais, das opiniões de um passado distante que eu faço questão de deixar registradas por aqui. Você pode ver aqui no site os tantos momentos de ansiedade que eu tive ao longo dos anos. Afinal, aqui eu deixo os registros das coisas que vivi e quero compartilhar, mesmo que não sejam os melhores momentos.

Posso dizer que sim, eu ainda sinto alguns efeitos dessa última crise de ansiedade. São os tremores e os temores, os sinais de alerta que seu corpo aciona. E a ansiedade vai além da insônia. A insônia é só um dos sinais da ansiedade, é a agonia que te tira o sono, que te faz estar sempre alerta. Mas eu estou mais atento aos sinais do meu corpo e procuro ter um controle, procuro relaxar, procuro estar aceso. Será que eu posso? Eu sempre vou me perguntar se eu posso. Porque eu sei que essa é apenas uma tempestade, e eu sempre falo que toda tempestade tem um fim, sabendo que começa como uma chuva leve.

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