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TURMA EM LUTO

Ainda ontem, tinha escrito sobre isso. Tinha até deixado uma mensagem no cabeçalho da página que ainda está no topo. […]
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Ainda ontem, tinha escrito sobre isso. Tinha até deixado uma mensagem no cabeçalho da página que ainda está no topo. Hoje, acordei com a sensação de que o dia estava mesmo estranho. Creio que não escrevia algo tão difícil desde aqueles 20 dias duros de 2009 em que perdi tia e avó de uma tacada só, praticamente. Mas a missão de comunicar precisa ser cumprida, e teremos que dar esta notícia.

Kleyton Cruz, que foi meu colega de faculdade, cumpriu sua missão na Terra esta tarde. Ele lutava contra uma leucemia e durante quase um mês foi feita uma campanha pelos parentes e amigos – aqui replicada nesta página – com a finalidade de conseguir doações de plaquetas. A doença, infelizmente, terminou sendo forte, mas sei que Kleyton foi mais forte durante sua luta.

O conheci – junto com sua esposa Fainara – na turma noturna de agosto de 2013 – a mesma em que conheci Anne. Estava em fim de curso e tinha que concluir duas matérias do primeiro período se quisesse concluir a faculdade, ao mesmo tempo que pagava o oitavo período e tinha que fazer o TCC. E no meio de tudo isso o emocional mandou mensagem, no meio do qual sentia o TOC de uma forma mais forte e tive que assumir o problema e passar a fazer psicoterapia.

E que poderia não ter conhecido a turma. Na última rematrícula, tinha pedido para fazer o P8 de noite por receio de uma futura ruptura, o de ter que pegar uma nova turma e me despedir abruptamente dela depois de cinco meses – e ia sentir muito isso. As coisas mudaram no primeiro dia de aula, quando tinha ido acreditando que iria pagar uma matéria noturna do oitavo período. Como alteraram as escalas de horário no primeiro dia de aula, as matérias do P1 teriam que ser pagas a noite. Assim conheci Anne, Mariana, Mariá, Felippe, Fainara e Kleyton.

turma da noite- maio de 2014
Acima, da esquerda para direita: Kleyton, Fainara, Felippe, Mariá e Camila. Abaixo no mesmo sentido: eu, Mariana e Anne.

Eles e mais colegas me fizeram sentir à vontade num ambiente novo em meio a um ambiente que eu iria ter que me desapegar em seis meses. Não me fizeram ter medo e nem desanimar.

Ainda hoje tenho contato com os colegas e no ano passado, pude colaborar voluntariamente com trabalhos da turma atual mesmo não sendo mais formalmente um aluno da faculdade. Fui convidado a assistir várias apresentações e fui – e ainda vou – com muito prazer e satisfação. Como se fosse parte da turma. Como se o tempo não tivesse passado.

A última vez que vi Kleyton foi no dia 26 de novembro, durante a apresentação do Trainee. Uma semana antes, estava numa apresentação de Processo Criativo o qual assisti as apresentações e numa hora cheguei a me emocionar pela saudade do ambiente e por toda a carga emocional que eu ainda carregava. Tive que sair da sala e Fainara e Kleyton me deram apoio depois do que tinha acontecido, com uma palavra amiga.

No trabalho de Processo Criativo, o casal fez um trabalho sobre adesivagem, no qual reproduziram no corredor do bloco do curso os temas dos demais trabalhos de mesma disciplina dos colegas em trabalhos super incríveis. Também pude ajudar os dois a colar cenas de filmes na parede, entre outras coisas, antes da apresentação.

E na apresentação do trabalho, lá estava eu de volta para a sala. Não assistindo dessa vez, mas ajudando na passagem dos slides da apresentação, como um modo de incentivo, de força. Participando efetivamente.

Vou me lembrar daquele momento para sempre, e agradecendo a Deus por tê-los colocado em meu caminho.

A Fainara, fica minha mensagem de força, sei que você precisa muito de força nesse momento. Sei como isso é e há seis anos atrás, a sensação de perda veio de uma forma mais dura, e para mim foi como se hoje fosse um dia como aqueles de abril de 2009. O de ver e conviver com uma pessoa que, pouco tempo depois, nos deixa de uma forma repentina. Todas as ações aqui publicadas ficam como retribuição a força que você e Kleyton me deram naquele momento, e como bem disse, ficarão guardadas comigo para sempre.

Quanto a mim, como é sabido dos meus problemas emocionais que carrego desde o nascimento, podem ficar tranquilos. Está tudo sob controle comigo. Estou tentando assimilar a situação e procurando manter o foco no tratamento que vinha fazendo, e que na semana que vem será retomado. Vocês devem saber que carga emocional – ainda mais a minha – em uma situação como essas não é mole. Imagine agora depois de saber dessa notícia, com alguém que fora de sua convivência de faculdade – e anos antes disso, com familiares. O importante é ter força – ainda mais agora – e não desanimar.

E é preciso ser forte para colocar uma nota assim no ar.

Kleyton, onde você estiver, estaremos lhe representando e representando os sonhos pelos quais você lutou. Você não desanimou. Agora está ao lado de Deus.

Aos amigos – em especial a Fainara – força, foco e fé para seguir em frente. Que Deus lhe conforte nesse momento.

E mais do que nunca, não desanimar.

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