Eu era aquele menino que gostava de carrinhos. Principalmente aqueles que eram fiéis as ruas. Mas não era mole encontrar carrinhos assim, porque sabe como é brinquedo de criança: colorido, formas estrambólicas, modelos que você sabe muito bem que não existem.
Afinal, como uma criança seria apresentada a um mundo que quando crescesse, não seria do jeito que te apresentaram? Eu conseguia me adaptar. O meu mundo de fantasias não era igual ao de qualquer criança.
Até que um belo dia eu resolvi eu mesmo fazer meus brinquedos com dois reais, que na época valiam uma fortuna; comprava cola, papéis, lápis de cor, tesoura, e saíam coisas fantásticas da minha imaginação para a realidade. Quem se comenta com formas estrambólicas se a sua realidade não poderia ser diferente da realidade lá fora? Você sonhava construir um mundo!
E uma dessas “coisas fantásticas” eu guardo até hoje aqui no escritório. Junto com outras tantas que estão dentro de três caixas amarelas e das quais nunca irei me desfazer.
Sim, este micro-ônibus de papel ofício – ou sulfite, se assim se chamar na sua região – ainda está firme e forte. Foi construído há 16 anos. E está do lado de fora justamente porque ainda não há uma caixa para ele – mas há de haver.
O famoso caminhão com história e outras miniaturas mais estão até hoje guardadas aqui do lado. Mas tudo começou com carrinhos como esse. Guardo como história. Sem ela, nem o que faço hoje seria possível.
Meu brinquedo favorito eu mesmo tinha. E sabia fazer com o que tinha. Quando se usa a imaginação, se cria um planeta.
Inspirado no desafio Bloganuary do WordPress.com
O tema do quarto dia é “Qual era o seu brinquedo favorito quando criança?“. Com as miniaturas que fazia, tinha como ser diferente? Meus brinquedos favoritos só eu mesmo tinha. E podia fazer.