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O cenário que ficou para trás

Um pouco da minha reflexão sobre o que acontece por aqui nesses últimos dias, sobre um cenário o qual estávamos acostumados que ficou para trás.
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Há quanto tempo as coisas não mudavam tanto como estão mudando agora? Talvez a gente lembre com um certo saudosismo de um tempo que nunca mais irá voltar, mas que era necessário que fosse acontecer. A gente muitas vezes acha que as mudanças são lentas, mas elas acontecem no seu tempo, e quando você se dá conta, nada daquilo que você se acostumou a conviver existe da mesma maneira. É um pouco da minha reflexão sobre o que acontece por aqui nesses últimos dias, sobre um cenário o qual estávamos acostumados que ficou para trás.

Essa talvez seja a sensação que se tem quando se passa na frente da Feira do Rangel. Eu vi esse cenário ontem e já não lembra mais aquele cenário de anos atrás, semanas atrás, eu te diria. Aquele cenário não existe mais. E esse cenário que acreditei que nunca iria mudar tão cedo já começou a ficar bem diferente do que ele era há semanas atrás. Começou a virar um terreno a ser preparado para um novo mercado, para que novas histórias comecem a ser contadas.

Todo mundo já saiu de lá e está acomodado ora na 14 de Julho, ora em outros pontos do bairro. O que ficou naquele terreno onde o mercado está há 54 anos foram os pontos sem os tetos e sem as portas, que eram possíveis de se aproveitar para outros locais. Quem entrou em cena foi ele, o trator, demolindo o que restou e começando a transformar aquele cenário num terreno pronto para receber uma nova instalação. Afinal, não é uma mera reforma. É uma reconstrução mesmo.

E ver aquele cenário começar a mudar, de certo modo, mostra que a gente vai vendo as coisas se transformarem, mesmo que leve o tempo que levar. E quando isso acontece, é inevitável, porque o tempo muitas vezes cobra e ele é implacável. O lugar que você mora já foi vazio, não tinha nada, foi se transformando ao longo do tempo. E o que parecia que não iria mudar muda, afinal, aos poucos esse lugar se consolida e se transforma. E é necessário acompanhar esse desenvolvimento.

O que posso dizer é que sim, a gente espera que todo esse tempo que começou a contar agora – com direito a contador estilizado na minicoluna – tenha valido a pena. E aos poucos, aquele antigo cenário da feira vai ficando para trás, para a dignidade de quem trabalha e frequenta o local, afinal, aquele cenário já não combinava mais com um lugar que está praticamente encravado numa cidade, ainda mais uma capital de estado, que não parou de crescer ao longo desse meio século.

E o cenário antigo? Ele agora é memória de um Rangel que a gente vai contar para as próximas gerações. É sobre essas memórias que a gente constrói e não entende muitas vezes porque os nossos pais contam como as coisas eram antigamente. Pelo menos essas histórias são as que eu guardo. Aliás, em se tratando de histórias, o bairro já se reinventou várias vezes, só falta parte da cidade entender isso de uma vez por todas. E o que a gente tem para guardar são as histórias do lugar, como ele foi, como ele será.

E bem, sobre a reforma, ou melhor, reconstrução da Feira do Rangel, cá estamos para seguir acompanhando o que está acontecendo. Ao longo do ano, ou melhor, enquanto a obra durar, seguimos acompanhando o que está acontecendo para que justamente a obra seja entregue o mais breve possível, para que um outro cenário de melhores condições para quem vende e para quem compra por lá seja possível. O que importa é que agora essa transformação que começou a acontecer não tem mais volta, e o que fica é a esperança de dias melhores.

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