Sabe quando você vê um lugar que marcou por anos, e aos poucos, ele começa a mudar? É com a sua casa, com a sua rua, imagine então com um lugar que talvez você pensasse que jamais veria mudar, quanto mais radicalmente. Essa é uma história que a gente se preparou por anos para ver diante de um local que já não combinava mais com a dinâmica do bairro e que de certo modo precisava mudar. A gente sabe que essas mudanças muitas vezes são abruptas, mas elas são necessárias. Em algum momento, tudo o que vemos e vivemos são lembranças.
A Feira do Rangel que eu me acostumei a ver nesses 35 anos de idade hoje é isso, lembranças. Hoje não há mais teto, não há mais portões, não há mais nada praticamente. É aquele tipo de cena que você pensou que jamais veria na vida. Os feirantes foram transferidos ora para as 14 tendas que eu falei durante 16 semanas na minicoluna, ora para pontos alugados ao redor. Boa parte da feira sobrevive agora na 14 de Julho, em uma extensão de no mínimo 200 metros da rua.
Onde se juntam os que saíram da velha feira, com os que estão lá desde mais tempo. Porque de certo modo, a feira já tinha ultrapassado os limites de seu terreno e foi avançando pela 14 de Julho conforme os supermercados iam se expandindo. Pelo menos um deles continua na frente e é bem movimentado. Até se expandiu recentemente e adquiriu terrenos para construir um estacionamento bem ao lado da feira, enquanto os demais estão um pouco mais afastados, mas de certo modo contribuíram para esse espalhamento ao longo dos anos.
A história já está sendo contada, clique nos links abaixo para ver os posts, eles serão importantes para entender o novo mercado.
- Quinta-feira, 25 de maio de 2023: Prefeitura anuncia que vai reconstruir a Feira do Rangel (anúncio é feito no dia 19 de maio de 2023, licitação é realizada em agosto e concluída em novembro de 2023)
- Segunda-feira, 6 de maio de 2024: manifestação de comerciantes
- Terça-feira, 7 de maio de 2024: início da desocupação
- Quarta-feira, 8 de maio de 2024: desocupação avançada e praticamente concluída
A reorganização era inevitável pelo estado que a feira se encontrava. A última, digamos, intervenção pública mais expressiva foi em 1978, quando foi construído um box que deveria ser para os feirantes que comercializam carne, pelo menos estava expresso na placa de tombamento. Mas nos últimos anos, eram bares que ocupavam o local, raro era encontrar um açougue ali, que até teve em anos passados. Depois disso, foi cada um por si, e várias estruturas de alvenaria surgiram ao longo do tempo.
Afinal, a Feira do Rangel surgiu como uma feira livre, que foi construída com um galpão e um terreno calçado com seis postes metálicos de quase dez metros, dos quais três até agora permaneceram de pé e por conta da feira ser praticamente composta por barracas fixas, já não serviam mais para nada. A necessidade fez com que os pontos se tornassem fixos, e bem, foi uma feira que se tornou um mercado. A intervenção que será feita agora só vai consolidar isso.
Essa é uma história que a gente não vai terminar de contar. É uma outra história que começa dentro dessa mesma história. Agora, o que vão restar são lembranças do que um dia a Feira do Rangel foi. De tanto tempo que demorou para essa intervenção acontecer, essas lembranças continuarão vivas na memória. E agora, é hora de contar a história de como o novo mercado que vai surgir da velha feira vai ser erguido. E que não demore para ser concluído.
E é justamente porque a história ainda não termina, que ainda tem muita história para ser contada. Não deixe de acompanhar este site, porque eu vou trazer novidades ao longo do tempo, afinal, se eu não prometi a vocês, eu prometo desde já que vou acompanhar tudo o que for acontecer na Feira do Rangel e contar para vocês. Não quero que essa seja uma história que se perca igual a como a feira foi construída há 50 anos atrás. Tem bastante coisa para contar e muito para acontecer. E aqui estou para registrar.